Saúde, educação, garantia do direito à terra e linhas de financiamento diferenciadas. Esses foram os principais temas presentes na pauta de reivindicações que centenas de mulheres dos movimentos sem-terra, indígenas e trabalhadoras assentadas entregaram hoje (08) ao secretário da Promoção da Igualdade, Luiz Alberto.

No encontro, realizado no auditório da Secretaria da Infra-Estrutura (Seinfra), em pleno Dia Internacional da Mulher, Luiz Alberto, acompanhado dos secretários do Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza, Valmir Assunção, da Saúde, Jorge Solla, da Agricultura, Geraldo Simões, da Chefe da Casa Civil, Eva Maria Chiavon e do superintendente do Incra, José Vieira Leal, garantiu que todos os esforços estarão direcionados para tentar executar as solicitações, com o objetivo de reduzir as desigualdades  sociais no estado.

Vindas de diferentes regiões da Bahia, as mulheres, algumas com filhos nos braços, chegaram juntas ao local do evento entoando canções que revelavam força e determinação. “Elas estão chegando pelas portas, janelas, avenidas e vielas/elas estão chegando com o vento forte/chegando para questionar/chegando para mudar/chegando para encantar/chegando para alegrar”, dizia uma das letras. Ou “para mudar a sociedade do jeito que a gente quer/só participando sem medo de ser mulher”. Nas camisetas personalizadas, a frase “Não à violência contra a mulher”.

A diretora nacional do MST, Lúcia Barbosa, explicou que as demandas são específicas para as mulheres. Fazem parte da pauta de reivindicações a melhoria na saúde e educação, na infra-estrutura dos assentamentos e a criação de uma linha de crédito específica para a produção das mulheres trabalhadoras rurais.

“Muitos acampamentos não possuem sequer uma unidade de saúde básica, e muitas de nós temos que nos deslocar para outros municípios para conseguir um atendimento”,  reclamou. “Reforma agrária não é só terra. É preciso ter uma infra-estrutura mínima para que as pessoas consigam sobreviver, na área de educação, saúde, investimento na produção e assistência técnica”, completou Barbosa.

A diretora estadual do MST, Djacira Maria de Oliveira, destacou os avanços em sete anos de mobilizações e assentamentos. “Hoje temos um maior nível de organização, uma participação maior nas linhas de crédito e a existência do cadastro de terra em nome também das mulheres. Mas a luta não pára nunca”, afirmou.

 “Nós queremos ter uma resposta maior por todos esses anos de luta. Com nosso pedaço de terra nós nos sentiremos mais cidadãs, mais tranqüilas e mais respeitadas”, afirmou a índia Jaciara Alves da Silva, membro da tribo Pataxó Hã-Hã-Hãe, do município de Pau-Brasil. “Não vejo a hora de ter uma boa linha de financiamento para finalmente conseguir minha terrinha”, comentou Maria Ferreira Tavares, que veio do município de Itamaraju acompanhada de dois filhos, de 19 e 11 anos.

As sem-terra e indígenas, num total de cerca de 1,5 mil mulheres assentadas, chegaram a Salvador na última segunda-feira e ficam até hoje acampadas no antigo prédio da Petrobras, na Estação Jiquitaia, Calçada. Segundo cálculos do MST, existem hoje cerca de 47 mil famílias assentadas na Bahia.