A Bahia terá uma Câmara Técnica de Comercialização da Agricultura Familiar a ser coordenada pela Secretaria de Agricultura (Seagri). A criação da câmara foi anunciada hoje (12), durante reunião na Seagri com a participação representantes dos governos estadual e federal, de organizações sociais, da iniciativa privada e do Sebrae, com objetivo de discutir o fortalecimento da comercialização da pequena agricultura e proposta de uma marca única para a produção de origem familiar.

A Câmara Técnica vai envolver os segmentos ligados à agricultura familiar e à economia solidária e visa estruturar o sistema estadual de comercialização do dos pequenos agricultores, desde a agregação de valores com o beneficiamento de seus produtos à disponibilização de pontos de venda. Nesse sentido, o superintendente de Agricultura Familiar da Seagri, Ailton Florêncio, apresentou a proposta de marcas que diferenciem os produtos pela sua origem de produção e região (semi-árido, Chapada, cerrado etc) e de selos para identificar os locais onde eles serão vendidos. Outra sugestão é o uso de parte da Central de Abastecimento da Ebal de Narandiba (Salvador) para que os potenciais compradores possam conhecer esses produtos. 

O presidente da União das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária na Bahia (Unicafes), Urbano Carvalho diz que o espaço exclusivo para comercialização dos produtos é fundamental para o setor. “Foram construídos muitos centros de abastecimento na Bahia, mas em nenhum deles há espaço para a venda da agricultura familiar, que acaba sendo vendida mesmo nas calçadas”, disse.

A  superintendente da Companhia Nacional de Abastecimento para a Bahia e Sergipe, Rose Ponde, acredita que a utilização dos produtos da agricultura familiar na alimentação escolar seria outra forma de promover a atividade na Bahia. “Muitas vezes vemos municípios adquirirem os alimentos para suas escolas em outros estados. Se comprasse na sua própria região, beneficiaria os produtores e ainda colaboraria para o resgate dos hábitos alimentares da área”, comentou.

Durante todo o encontro, ficou clara a preocupação com a necessidade de organizar os produtores e capacitá-los para gestão de seus negócios. Para o superintendente Florêncio, “o norte deste trabalho tem que a construção de uma política de desenvolvimento sustentável, que funcione com ou sem a participação do Estado”. Ele afirmou que é preciso criar mecanismos legais para garantir esse processo, mas também avançar no aumento da produtividade, na sanidade e na gestão desses empreendimentos.