A reativação da fábrica da Bahiafarma e a abertura de novas unidades da Farmácia Popular do Brasil, em parceria com a Ebal, foram alguns dos assuntos discutidos hoje (9) em reunião entre o governador Jaques Wagner, o secretário da Saúde, Jorge Solla, o presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Paulo Buss, e o presidente da empresa suíça Stragen Pharma, François Oneglia.

Com a Bahiafarma, o estado quer se tornar um importante pólo da indústria farmacêutica, fornecendo medicamentos para a rede nacional da Farmácia Popular. A previsão é que a Bahia ganhe mais de 200 unidades da rede, sendo que 70 deverão entrar em funcionamento ainda este ano, junto às lojas da Cesta do Povo.

Segundo Solla, a parceria que está sendo formada vai tornar a Bahiafarma o primeiro laboratório público brasileiro a produzir medicamentos à base de hormônios, como anticoncepcionais. “Isso será possível com a transferência de tecnologia de empresas européias”, afirmou. Ele lembrou que há diversos projetos importantes sendo desenvolvidos pela Fiocruz que vão beneficiar a Bahia, como os de educação à distância e permanente para profissionais de saúde.

“Na reunião de hoje, ficou firmado o compromisso da fundação em relação a estes projetos e a confirmação, por parte do governador, da respectiva prioridade para o Governo do Estado, além do desejo da indústria européia de fazer a transferência tecnológica”, comentou o secretário. Ele disse que, com poucos meses de trabalho, a Bahiafarma já poderá distribuir, para todo o Brasil, anticonceptivos orais produzidos pela Stragen Pharma que, progressivamente, serão produzidos pela empresa baiana, que com a transferência de tecnologia irá assumindo o seu papel na produção.

Preços acessíveis

Buss afirmou que a Fiocruz vai apoiar a decisão de Wagner de expandir a rede da Farmácia Popular para vender remédios a preços acessíveis por meio das lojas da Cesta do Povo. “Os preços chegam a ser até oito vezes abaixo dos praticados nas farmácias comerciais”, afirmou. No próximo dia 16, será inaugurada mais uma unidade, que oferece cerca de 120 itens. “O governador teve coragem de criar uma rede que nós vamos apoiar fornecendo equipamentos, medicamentos e tecnologia de funcionamento”, declarou.

Para ele, outra iniciativa importante é a Bahiafarma. “O estado já tem desenvolvida a indústria petroquímica, uma grande fornecedora de insumos intermediários para que a Bahia se transforme em um importante pólo farmacêutico”, disse. Segundo Buss, a Farmanguinhos, indústria farmacêutica da Fiocruz, negociará a transferência de tecnologia e adquirirá os produtos fabricados na Bahia, em especial os contraceptivos. “A expectativa é que o estado se torne a principal fornecedora de anticoncepcionais para a rede pública. No Brasil, mais de 15 milhões de mulheres precisam usar esses medicamentos e não conseguem comprar”, declarou.

Para Buss, a Bahia se especializaria em algumas áreas de alto custo e com isso supriria uma necessidade muito séria do sistema de saúde. Ele declarou que a Fiocruz Bahia já tem uma grande área de diagnóstico e de produção de inovações. “Nós vamos fazer serviços, no sistema público de saúde, de diagnósticos para doenças infecciosas e outras. Vamos trabalhar junto com o Governo da Bahia na reconstituição do Hospital Couto Maia”, falou.

Bahiafarma

Até agosto, a fábrica da Rede Baiana de Produção de Medicamentos (Bahiafarma), que está sendo construída no Distrito Industrial de Vitória da Conquista, deverá ser concluída. No total, serão investidos R$ 18 milhões na unidade, onde serão produzidos, em média, 15,8 milhões de comprimidos por mês para atender principalmente ao habitantes do estado. A infra-estrutura da fábrica foi realizada numa parceria da prefeitura de Conquista com o Ministério da Saúde, e os equipamentos e a coordenação vão ficar com o Governo do Estado. 

Inicialmente, serão produzidos medicamentos básicos para garantir o atendimento da rede de saúde, como Captopril e Hidroclorotiazida (tratamento de hipertensão), Metformina (para pacientes com diabetes), Sinvastanina (controle do colesterol), o antitérmico Paracetamol, Mebendazol (tratamento de parasitoses) e o antiinflamatório AAS.