Projeto da Diretoria de Artes Visuais e Multimeios (Dimas), em parceria com a Associação Baiana de Cinema e Vídeo (ABCV), as Quartas Baianas comemora este mês um triênio de existência na exibição da produção audiovisual baiana. Na próxima versão, quarta-feira (16), às 20h, leva à tela da Sala Walter da Silveira (Barris) quatro curtas do cineasta Agnaldo Siri Azevedo – uma justa homenagem a um militante da arte cinematográfica da terra, morto em 1977, aos 66 anos.

Os documentários O Boca do Inferno, O Capeta Caribé, Calazans Neto, Mestre da Vida e da Arte e Adeus Rodelas são os títulos selecionados para esta sessão dedicada a Siri. O primeiro – realizado em 1974, com 20 minutos de duração e que recebeu o prêmio de Melhor Filme na III Jornada de Cinema da Bahia – adota uma transgressão de gênero, num hibridismo evidente, ao focar um passeio ficcional do poeta Gregório de Mattos e Guerra por Salvador em 1974. Seus poemas seiscentistas caem como uma luva, para comentar a cidade, que continua com as mesmas mazelas de outrora.

Livremente inspirado no texto homônimo de Jorge Amado, O Capeta Caribé mostra a enorme integração, com a cidade de Salvador, de Hector Bernabó, o famoso Carybé, um dos maiores artistas da América, nascido na Argentina, mas baiano de coração e por adoção. Este filme de 23 minutos é um dos curtas-metragens brasileiros mais premiados no biênio 1996/97.

Em Calazans Neto, Mestre da Vida e da Arte, o famoso artista plástico baiano apelidado carinhosamente de Mestre Calá comenta a vida e conta “causos”, entre muitas risadas. Neste filme, Siri utiliza textos de Glauber Rocha, folhetos de cordel de Rodolfo Coelho Cavalcante e poemas de Mirian Fraga e Frederico Souza Castro. A narração é dividida pelos atores Harildo Deda, Carlos Petrovich, Adélia Silva e o doublé de produtor Chico Drumonnd. A direção de fotografia do recorrente colaborador de Siri, Vito Diniz. Adeus Rodelas permite uma visão dos últimos dias da cidade que está prestes a ser inundada pela Barragem de Itaparica. É um canto de saudade, que expressa um nostálgico adeus.