A partir de julho, o Governo da Bahia, através da Secretaria de Cultura (Secult), realiza obras emergenciais de beneficiamento físico em um dos mais belos conjuntos arquitetônicos localizados às margens da Baia de Todos os Santos, o Museu de Arte Moderna (MAM). A informação foi divulgada ontem (14) pelo diretor geral do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), Frederico Mendonça, e pela diretora do MAM, Solange Farkas, durante coletiva para jornalistas.

O MAM é um dos 12 museus estaduais vinculados ao Ipac, autarquia da Secult, como o Museu de Arte da Bahia (MAB), localizado no Corredor da Vitória, e o Museu do Recôncavo Wanderley Pinho, na Baía de Aratu.

A recuperação total do MAM será feita em duas etapas. Na primeira, prevista para começar em julho, serão realizados beneficiamentos na capela, nas galerias 2 e 3, no Parque das Esculturas, nos telhados de todas as edificações e no atelier das Oficinas do museu.

A segunda etapa, orçada inicialmente em R$ 3,5 milhões, incluirá grandes intervenções físicas, como a criação de um novo espaço para a reserva técnica do museu. O novo projeto arquitetônico é do arquiteto André Vainer, que foi assistente de Lina Bo Bardi, autora da concepção original do MAM. 

De acordo com o diretor-geral do Ipac, as obras emergenciais são necessárias devido ao estado em que foi encontrado o MAM, em janeiro deste ano. “O Parque das Esculturas, por exemplo, estava parcialmente fechado, com os seus 163 metros de extensão da passarela em madeira totalmente comprometidos”, explicou Mendonça. Segundo o diretor, a alvenaria que sustenta uma árvore com mais de oito metros, também no parque, está com grandes rachaduras e o piso do pátio superior, composto de pedras portuguesas, encontra-se aberto e com infiltrações de esgoto.

O diretor informou ainda que em toda a extensão do MAM serão providenciados serviços de pintura geral dos muros, paredes internas e externas, vistoria e reforma de esquadrias das janelas e portais, revisão das instalações elétricas e restauração dos telhados. “A capela é um dos espaços mais atingidos e quando chove existem goteiras em quase todas as edificações do complexo arquitetônico”, informou Mendonça.

Smetak

Logo após a primeira etapa de obras, ainda em agosto, será inaugurada a exposição Walter Smetak que homenageará o violoncelista, compositor, escritor e pesquisador musical suíço que viveu por tantos anos na Bahia influenciando gerações de músicos, entre as quais, a de Gilberto Gil e Caetano Veloso. “Nessa exposição implantaremos uma dinâmica de práticas artísticas contemporâneas, com intervenções musicais, seminários, leitura de poemas inéditos de Smetak, entre outras ações”, explicou a diretora e curadora do MAM, Solange Farkas. 

Durante a coletiva, Farkas ressaltou o trabalho que a equipe de funcionários do MAM, formada por cerca de 140 pessoas que, com pouco recursos, vem realizando o inventário completo e a restauração de todo o acervo do MAM, atualmente composto por 1.112 obras.

“Até 2008, lançaremos pela primeira vez na história do MAM a versão impressa e digital do catálogo completo desse museu em moldes internacionais”, ressaltou Farkas. Baiana de nascimento e residindo em São Paulo há cerca de 25 anos, a diretora do MAM detém experiência de curadorias e programações exibidas na Argentina, Canadá, Rússia, Venezuela, Portugal, Peru, México, entre outros países do mundo e diversas capitais brasileiras.

Na mesma coletiva, Farkas e Mendonça comentaram as atividades previstas para o MAM até o final de 2008. No cronograma, além do evento Smetak, estão previstas exposições multimídias, de pintura contemporânea italiana, o Salão da Bahia, o Fórum Estadual de Artes Visuais, a criação do Laboratório de Mídias Digitais para artistas plásticos, publicitários e designers, exposições itinerantes do acervo do MAM em museus de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Brasília e Espírito Santo, além da criação de um projeto de residências artísticas com artistas de vários países, idéia que constava no projeto original da arquiteta e artista plástica Lina Bo Bardi, desde a década de 60.