O gasto mensal de R$ 1 mil que o motorista Damião Pedro tinha na manutenção do caminhão é coisa do passado. Acostumado a transitar toda semana pela BA-052, mais conhecida como Estrada do Feijão, ele comemora a recuperação do trecho de 38 quilômetros, entre o distrito de Porto Feliz, pertencente ao município de Piritiba, e o município de Mundo Novo, que proporcionou a redução do tempo de viagem de duas horas para 30 minutos.

Esses benefícios devem chegar para outros milhares de motoristas baianos a partir do ano que vem. O Governo da Bahia aguarda a aprovação no Congresso Nacional de um financiamento do Banco Mundial, no valor de US$ 186 milhões, que permitirá a recuperação de 1,8 mil quilômetros de rodovias estaduais.

“A Bahia tem 136 mil quilômetros de estradas, infelizmente eu recebi essa malha rodoviária extremamente destruída. Aqui na Estrada do Feijão nós temos que comemorar os resultados porque impacta uma população de mais de um milhão de pessoas e serve para o escoamento da produção local”, disse o governador durante a inauguração do trecho, hoje (29), no distrito de Porto Feliz.

O governador percorreu os 38 quilômetros até Mundo Novo e falou da intenção de estender a BA- 052 até o município de Barra. No total, a BA- 052 tem 463 quilômetros de extensão e vai de Feira de Santana a Xique-Xique. A estrada corta a Chapada Diamantina e segue até a região do São Francisco, passando por cidades como Morro do Chapéu, Tapiramutá, Xique-Xique, Piritiba, Ipirá e Baixa Grande, além da região produtiva de Irecê. Conhecida pela importância no escoamento de grãos, a rodovia é chamada de Estrada do Feijão desde a década de 70.

“Aqui a gente só andava na primeira e segunda marcha. A buraqueira quebrava o amortecedor, folgava a barra de direção e trazia vários prejuízos para o carro. Os pneus eram os primeiros a se destruírem”, contou Damião Pedro que agora só se preocupa com a manutenção preventiva. Damião é um dos 1,3 mil motoristas que transitam diariamente pela estrada, que é responsável pelo escoamento da produção de grãos da região do Paraguaçu e Chapada Diamantina.

Para o motorista de transporte escolar, Nivaldo Silva, 27 anos, a economia de tempo e pneu é imensurável. Ele trafega pela estrada com cerca de 70 estudantes duas vezes ao dia e não agüentava mais a viagem longa e cansativa. “A gente só andava com o pé no freio. Uma viagem de meia hora acabava durando mais que o dobro. Era ruim para os alunos e para mim que faço trajeto duas vezes ao dia”, disse.

A obra foi executada pela Secretaria Estadual de Infra-estrutura (Seinfra), através do Departamento de Infra-estrutura de Transportes da Bahia (Derba) e teve um investimento de R$ 24,6 milhões, sendo 40% de contrapartida do estado e o restante obtido através de financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Na restauração foi utilizado Tratamento Superficial Duplo (TSD) que a torna a via resistente a caminhões com até 40 toneladas.

Segundo o secretário de Infra-Estrutura, Batista Neves, a recuperação do trecho havia sido paralisada em outubro do ano passado e reiniciada em 5 de fevereiro. “Quando tivermos a aprovação do financiamento iremos fazer a recuperação do trecho de 259 quilômetros entre Porto Feliz e Xique-Xique”, afirmou. A previsão é que as obras possam ter início em janeiro do ano que vem,  uma vez que o financiamento já foi aprovado pela Comissão de Orçamento do Congresso e aguarda somente a votação final. O governador informou que desde janeiro foram retomadas 11 obras e que o governo aguarda a liberação do empréstimo para fazer muito mais.

Ao longo dos anos, a Estrada do Feijão passou por outras obras de recuperação, a exemplo do trecho de 93 quilômetros que interliga Ipirá, Baixa Grande e Mundo Novo, em 2006, e do trecho de 86 quilômetros no entroncamento de Feira de Santana a Ipirá, em 2005. Além do escoamento da produção agropecuária, a estrada é utilizada por empresas que instalaram na região, dinamizando o comércio local.