Cerca de 300 participantes, incluindo artistas, produtores, gestores públicos, empresários e representantes dos municípios do Portal do Sertão, reunidos no de Cultura Amélio Amorim, estão transformando Feira de Santana, hoje (17) e amanhã, na capital da cultura do Sertão. Este é o primeiro dos 26 encontros territoriais promovidos pela Secretaria de Cultura da Bahia (Secult) no interior do estado. A conclusão também será em Feira de Santana, que vai sediar a II Conferência Estadual de Cultura, de 25 a 28 de outubro próximo.
O secretário de Cultura da Bahia, Márcio Meirelles, abriu o encontro, às 20h, ao lado do reitor da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), José Carlos Barreto. "Somos uma zona de transição cultural do litoral para o sertão, de transição climática do sub-úmido para o semi-árido, e também de transição econômica", disse o reitor.
No interior da Bahia vivem 80% da população baiana. Para o artista plástico feirense Juraci Dórea, que nasceu e trabalha em Feira de Santana e já participou das bienais de São Paulo, de Havana e de Veneza, a escolha de Feira para iniciar as conferências territoriais e concluir o processo com a Conferência Estadual tem um valor simbólico muito forte. "Há um esquecimento histórico do sertão, de tudo o que se faz no interior. Esta conferência poderá dar visibilidade ao interior", disse.
No território do Portal do Sertão são 833 mil habitantes, em 17 municípios. A conferência tem como objetivo estabelecer um processo de construção conjunta de formulação e implementação de políticas públicas para o território, integrando os poderes públicos e a sociedade.
Uma pequena mostra da riqueza cultural do Portal do Sertão pode ser vista com a apresentação dos grupos Renovação do Forró, União do Samba (distrito de Tiquaraçu), Cultural de percussão Zé das Congas, Samba Vila de São João (distrito de Ipuaçu) e Roda de Capoeira Regional Associação Ginga Menino. Para o artista plástico Eduardo Galeano, "Cultura é a única coisa que pode salvar hoje a humanidade".
Um dos temas em debate, Leis de Incentivo, mobiliza produtores e artistas para uma conversa sobre o Fundo de Cultura e o Fazcultura, conduzida pelo Superintendente de Promoção Cultural, Paulo Henrique de Almeida, que também faz palestra sobre Economia da Cultura. No gerenciamento dos recursos destes dois programas de fomento, ele informou que há mudanças que já favorecem o interior. Dos R$ 15 milhões do Fazcultura, 50% obrigatoriamente devem ser destinados a projetos realizados no interior do Estado. E dos R$ 22,5 milhões destinados a projetos estruturantes, de manutenção, formação e produções de referência haverá apoio à cultura digital, pequenas produções e difusão e manutenção de grupos artísticos.
Os encontros territoriais prosseguem dias 19 e 20, em Alagoinhas e Santo Amaro, e nos dias 21 e 22, em Valença e Serrinha. A última conferência territorial antes da Conferência Estadual será a da Região Metropolitana de Salvador, nos dias 17 e 18 de outubro.