Durante três dias, ambientalistas, dirigentes de Ongs, estudantes, representantes da sociedade e de órgãos federais, estaduais e municipais participaram do Encontro do Cerrado Baiano.

O evento aconteceu na cidade de Barreiras – oeste baiano, distante 850 quilômetros de Salvador – e abrigou discussões sobre as atuais condições do bioma Cerrado, além de pautar políticas públicas estratégicas para sua conservação e sustentabilidade socioambiental.

Com as inscrições superando o número de vagas para o evento, o Encontro do Cerrado revelou a atual situação do Cerrado – localizado em sua maioria na região da maior bacia hidrográfica do Estado e que reúne ainda importantes aqüíferos, veredas e fauna e flora singulares.

A área total do Cerrado baiano é mensurada em cerca de oito milhões de hectares. Segundo denúncias de ambientalistas, mais de três milhões de hectares dessa área já foram devastadas para a implantação do agronegócio e outras atividades empresariais.

Ex-técnico do Ibama, o ambientalista Dino Dalbó disse que vários problemas ambientais vêm impactando a região. Para ele, o fato do Cerrado baiano produzir cinco por cento da produção nacional de grãos não significa riqueza. “Seria riqueza caso toda essa produção não gerasse uma pobreza ambiental sem igual na Bahia”, declarou.
Para o secretário do Meio Ambiente, Juliano Matos, a desatenção e abandono de governos anteriores para com a região contribuíram efetivamente para a atual situação do bioma.

“Estamos levando Barreiras para mais próximo do centro de decisões do Estado. Nós, da área do meio ambiente, estamos trabalhando para fazer da Bahia um Estado que aconteça. Mas que aconteça para todos”, enfatizou o secretário. Ele lembrou que todo o material gerado no encontro (palestras, debates e mesas redondas) será reunido em um livro.

A diretora do Centro de Recursos Ambientais (CRA), Bete Wagner, criticou o esquecimento de governos anteriores para a região do Oeste baiano.
De acordo com Bete, o sistema do meio ambiente do Estado está ajudando ao governo Wagner mostrar que “o Oeste é a Bahia”, fazendo referência ao movimento separatista encabeçado por alguns municípios da região, que pregam a criação do Estado do São Francisco.

Morador da zona rural de Barreiras, o agricultor familiar Genésio Nascimento apoiou a realização do encontro e se disse animado com a presença de órgãos do governo no evento. “Temos que trabalhar todos juntos. De outra forma, vai ficar difícil proteger o que ainda resta”, disse o agricultor.