A Bahia é o primeiro estado do país e o segundo do mundo a adotar o projeto Condomínio da Terra, lançado em junho deste ano, em Portugal, pela Associação Nacional de Conservação da Natureza (Quercus). O projeto pretende organizar governos em uma comunidade única, com responsabilidades iguais sobre a preservação da natureza.
O secretário estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), Juliano Matos, e o reitor da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Lourisvaldo Valentim, firmaram o compromisso de adesão ao projeto ontem (3), na presença do cônsul de Portugal, João Sabino Costa.
A proposta, segundo o coordenador da Quercus, Paulo Magalhães, é estabelecer um protocolo de compensações para que o planeta, unido, encontre o equilíbrio entre o seu desenvolvimento e a preservação ambiental. “As árvores que são desmatadas em Portugal geram riqueza para o país, mas prejudicam a vida dos brasileiros e de todo o planeta”, afirmou.
O conceito do Condomínio da Terra é semelhante à idéia de um condomínio residencial, onde quem paga tem o dever de cuidar, preservando seu patrimônio material. A proposta parte do principio de que os serviços prestados pelos ecossistemas são benefícios que atingem a todos, independente das fronteiras políticas.
“Temos que encarar a crise ambiental mundial não como um problema de recursos naturais, mas da comunidade dos homens”, destacou Magalhães.

Referência

Segundo o secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, a idéia guarda na sua essência uma complexa e importante referência para o processo de ordenamento do uso dos bens naturais disponíveis no planeta. “Esses benefícios ambientais não têm fronteiras territoriais e o alcance é planetário”, disse Matos.
A proposta do condomínio, explicou o reitor da Uneb, é mostrar que os ecossistemas da terra são únicos e indivisíveis. “Vamos assumir responsabilidades para a preservação do meio ambiente no estado, levando conhecimento ao cidadão, inicialmente, sobre os biomas baianos”, declarou Valentim.
A estratégia inicial da Semarh será desenvolver nas unidades de conservação de proteção integral do estado os subcondomínios do projeto, por se tratar de áreas de significativa relevância, em nível mundial, pela diversidade de espécies da fauna e da flora.
Além do poder público, o estatuto do Condomínio da Terra prevê representações de associações civis, escolas, empresas e sociedade organizada.