Assunto obrigatório nas escolas de ensino fundamental, a história da África ganhará na Bahia o reforço de dois museus ligados à temática: o Museu Afro-brasileiro da Bahia, localizado no Terreiro de Jesus, e o Museu Nacional da Cultura Afro-brasileira, que deve ser inaugurado no segundo semestre de 2008, num casarão na Rua do Tesouro (Centro Histórico).
A aproximação entre esses museus e a sala de aula será possível graças à pesquisa a ser desenvolvida por Ana Mandarino, doutora em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Segundo a pesquisadora, o objetivo é mapear os acervos desses dois museus para entender quais imagens foram construídas sobre o negro na sociedade brasileira e como elas estão sendo expostas. “Dessa forma, pretendemos contribuir para que a memória apresentada nos museus sobre o negro seja condizente com o seu desempenho e papel histórico”, afirmou.
Após essa primeira etapa, a idéia é levar alunos do ensino fundamental para complementar o que aprenderam na escola com o que estará exposto nos museus. “Acredito que os museus devam ser potencialmente espaços pedagógicos”, explicou Ana Mandarino.

Edital atrai pesquisadores de fora

Juntamente com outros 18 doutores provenientes de universidades de fora do estado, Ana Mandarino está vindo se instalar em Salvador por meio do apoio que recebeu do edital do Programa de Fixação de Doutores no Estado da Bahia (Prodoc), lançado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O apoio começou a ser oficializado ontem (30) e segue até amanhã (1º), para que os pesquisadores contemplados no edital assinem os termos de outorga.

Desde que foi lançado na Bahia, em 2002, o Prodoc já investiu cerca de R$ 26,6 milhões, dos quais, R$ 4 milhões somente este ano. Nesse período, 123 doutores ligados às mais diversas áreas do conhecimento já vieram para o estado. Desses, 34 já estão fixados na Bahia, ou seja, passaram a integrar o quadro de funcionários de universidades ou centros de pesquisa do estado.

Renovação dos recursos humanos

O Prodoc tem como finalidade promover a renovação do quadro de recursos humanos das instituições de pesquisa e empresas do Estado, fortalecendo os grupos de pesquisa, além de favorecer a criação de novas linhas e grupos de interesse local.
“O programa contribui para a consolidação de uma base científico-tecnológica capaz de incrementar setores e atividades de importância estratégica para o desenvolvimento regional”, explicou a diretora-geral da Fapesb, Dora Leal Rosa.
O Prodoc atua em duas frentes: a de regionalização, caracterizada pela atração de doutores de todo o país ou de baianos que tenham atuado por mais de um ano em outro estado, e a de interiorização, que visa atrair doutores, baianos ou não, para as microrregiões carentes de desenvolvimento científico-tecnológico.
“Essa atuação em duas frentes tem como objetivo diminuir as desigualdades do desenvolvimento científico e tecnológico tanto da Bahia em relação a outras regiões do Brasil, quanto dentro do próprio estado”, disse o diretor científico da Fapesb, Robert Verhine.

Museu Afro-brasileiro da Bahia

O Museu Afro-brasileiro da Bahia foi instalado, em 1997, no histórico prédio da primeira escola de Medicina do país, de propriedade da Universidade Federal da Bahia, no Terreiro de Jesus.
Seu acervo é composto de peças da cultura material de origem ou inspiração africana, representativas da vida cotidiana, dos processos tecnológicos, do sistema de crenças, das manifestações artísticas e da tradição oral na África tradicional.

São esculturas, máscaras, tecidos, cerâmicas, adornos, instrumentos musicais, jogos e tapeçarias provenientes do continente africano, adquiridos na década de 70 pelo Ministério das Relações Exteriores ou por meio de doações das diversas embaixadas dos países da África.