O fotógrafo Eduardo Tavares, 22 anos, tem uma história de vida comum a muitos jovens da periferia de Salvador. Morador da comunidade de Alagados desde pequeno, ele cresceu ouvindo da mãe histórias do tempo em que, no lugar onde hoje está a casa da sua família, havia barracos erguidos sobre palafitas.

Uma realidade que, se não faz mais parte do seu cotidiano, devido a projetos de requalificação urbana, ainda é enfrentada por muitos vizinhos de bairro, obrigados a viver em habitações precárias sustentadas por estacas à beira da Baía de Todos os Santos.

O passado familiar serviu de inspiração para Eduardo em sua exposição de estréia, Alagados-Salvador, que será aberta amanhã (9), às 19h, na Galeria Pierre Verger (Biblioteca Pública dos Barris).

Para o público, é uma oportunidade de observar os contrastes entre a beleza das imagens registradas pelo artista em preto e branco e a triste realidade vivida por quem mora nas palafitas. Embora plasticamente belas, as fotografias denunciam as mazelas sociais que põem em risco a vida humana e a natureza. Mas a intimidade do fotógrafo com seu ambiente de trabalho confere ao ensaio novos significados.

Demonstração de alegria

“Quis mostrar que não havia apenas miséria ali. O sorriso de uma criança ou uma demonstração qualquer de alegria indica que aquelas pessoas não precisam apenas de melhores condições materiais. Precisam de lazer, de segurança, de atenção e de carinho”, afirmou Eduardo.

Premiada pelo edital Portas Abertas para as Artes Visuais, da Fundação Cultural do Estado, a exposição fica em cartaz até 2 de dezembro, de segunda a sexta-feira, das 9 às 21h, e nos finais de semana e feriados, das 14 às 21h. Mais informações pelos telefones (71) 3203-4016 e (71) 8118-5730 (Eduardo Tavares).