Do Yacht Clube da Bahia, na Barra, até Port La Forêt, na França, um total de 4 mil milhas náuticas será percorrido por 15 monocascos que recentemente fizeram o percurso inverso, na Regata Jacques Vabre, encerrada em Salvador.

A largada da Regata Bahia-Bretanha, a Ecover B to B, programada para o meio-dia da próxima quinta-feira (29), vai colorir a Baía de Todos os Santos com alguns dos barcos mais equipados das rotas internacionais do planeta.

Como as correntezas são contrárias à rota, e em alguns trechos, os ventos não favorecem, a expectativa é de que os hábeis skippers consigam concluir a prova em um período mínimo de 16 dias.

Embora ofereça menos conforto interno, o que torna a travessia do Atlântico uma prova de resistência, o monocasco tem como ponto positivo a estabilidade capaz de garantir uma disputa mais tática entre os velejadores.

A regata, também conhecida de B to B, por causa das iniciais de destino e chegada, é feita sem escala nem assistência e vale como classificatória para a Vendée Globe 2008-2009, a maior corrida de volta ao mundo em regatas internacionais.

A Bahia-Bretanha amplia para cinco o número de regatas internacionais que incluem a Bahia no mapa náutico mundial, recuperando uma vocação iniciada na era dos descobrimentos, no século XVI.

Além da B to B, com largada em Salvador, outras quatro regatas têm seus campeões conhecidos no píer do Terminal Náutico da Bahia: a Clipper Around, a Transat 6,50 Charrente Marritime, a Jacques Vabre, e a Iles du Soleil.

O jantar de lançamento da Regata Bahia-Bretanha, encerrado na madrugada de domingo (26), marcou o fim da “folga culinária” dos velejadores, que agora começam a dieta rigorosa para adaptação aos dias de disputa.

O cardápio de filé ao molho madeira com arroz à grega foi a despedida para os navegadores que passaram a um menu mais leve como transição para utilizar comida hidrolisada, grãos e vegetais em conserva, quando partirem do Yacht Clube.

O encontro, realizado na sede do Yacht Clube, na Barra, reuniu os skippers, como são chamados os velejadores que seguirão nos monocascos rumo ao Port La Fôret, na França, a 4 mil milhas náuticas, aproximadamente.

Incentivo

Segundo o skkiper Michel Desjoyeaux, do barco Foncia, a travessia da área próxima à Linha do Equador garante boa vantagem para quem conseguir perder menos tempo e evitar qualquer avaria nos veleiros que custam cerca de 2 milhões de euros.

Vencedor da Regata Jacques Vabre, na categoria Imoca, Desjoyeaux larga como um dos favoritos, embora, polidamente, tenha reconhecido estar disputando em um “grupo de alguns dos melhores skippers do mundo”.

Para mostrar que está levando muito a sério a conquista de mais um título de regata internacional. Desjoyeaux colocou o barco na água domingo (25), junto com o Cheminéé Poujalat e o Britair, que são fortes concorrentes.

Os veleiros saíram do Terminal Náutico da Bahia, onde vêm chegando as embarcações da Jacques Vabre, e partiram rumo ao Farol da Barra. Depois de um almoço no Yacht, voltaram ao mar e ao píer do terminal.

Bernard Stamm, do Cheminée, está certo de um bom desempenho, pois afirma ter todas as condições de boa navegação, graças ao incentivo do patrocinador, o empresário franco-suíço radicado na Paraíba, Pierre Landolt.

Experiente

Principal acionista de um conglomerado de empresas financeiras, Landolt afirma que a paixão pelo esporte náutico pode gerar boas oportunidades para os brasileiros, em razão da grande costa do país, a maioria formada por trechos em ótimas condições de navegação.

Mesmo sem disputar a regata, o monocasco Pakea-Biskaia vai acompanhar os 15 concorrentes. A idéia é dar visibilidade mundial ao apelo de paz no País Basco, ainda em busca de alternativas para desenvolver a luta de independência nacional.

Para o skipper Unai Basurko, é preciso achar meios de debater a questão sem apelar para a violência, como tem sido feito por parte dos grupos separatistas. “Pakea quer dizer paz e por ela navegamos e vivemos”, disse Basurko, apoiado pela equipe.

Basurko está tranqüilo, pois não terá o desgaste psicológico típico de uma prova internacional com este nível técnico. “O negócio é pegar os alíseos do Sudoeste e saber esperar as calmas equatoriais. E ter boa sorte para não ficar muito parado”, disse.

Organizada pela empresa Sociedade Mar e Projectos, com o aval da Federação Francesa de Vela, a Regata Transat B to B tem o velejador Philippe Facque na função de diretor de prova