A necessidade de preparar as cidades brasileiras para receber turistas portadores de deficiência foi o principal tema debatido no I Seminário sobre Turismo e Acessibilidade, promovido hoje (13), no Centro de Convenções, pela Secretaria Estadual de Turismo (Setur). Rampas de acesso nas ruas e banheiros públicos adaptados, além de hotéis, pousadas e restaurantes com as adaptações necessárias foram apontadas como imprescindíveis para que o deficiente físico, auditivo, visual ou mental se sinta bem na cidade em que for visitar.

Para isso, a sensibilização do poder público, da iniciativa privada e do trade turístico se mostra fundamental para atender a essa parcela que representa 14% da população do país, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O seminário contou com a participação de representantes de entidades ligadas à causa, como a Associação Baiana dos Deficientes Físicos (Abadef) e a ONG Vida Brasil.

O secretário do Turismo, Domingos Leonelli, afirmou que oferecer possibilidades de acesso às pessoas com deficiência não é apenas um direito delas, mas também um bom negócio para a cidade. “É mais uma clientela sendo atendida. Os hotéis e os restaurantes, por exemplo, só têm a ganhar com isso”, enfatizou.

O superintendente de Serviços Turísticos da Setur, Celso Zallio Cotrim, lamentou não haver uma única cidade na Bahia que esteja devidamente preparada para receber o turista deficiente. “No Pelourinho, por exemplo, quem anda de muletas ou de cadeira de rodas tem dificuldade para se locomover”, citou. Por outro lado, ele salienta que, nos postos de informações da Bahiatursa, existem pessoas capacitadas para atender pessoas com deficiência auditiva.

Na Bahia, um estado onde o turismo é um dos principais impulsionadores da economia, o seminário significa o primeiro passo rumo à construção de um roteiro turístico que contemple as necessidades dos deficientes, a ser implementado em parceria com empresários do setor.

“Investir em adaptações pode dar um bom retorno. Basta dizer que a Europa recebe, anualmente, 36 milhões de pessoas portadoras de deficiência, que deixam por lá US$ 16 bilhões, movimentando a economia”, afirmou Cotrim.

Os problemas podem ser enumerados por quem sente as dificuldades na pele, como a assistente da Abadef, Silvonete Brandão, que perdeu o movimento das pernas há 28 anos, vítima de poliomielite. Desde então, ela depende de um par de muletas para andar. “A locomoção numa cidade sem adaptações é uma dificuldade não apenas para turistas, mas para qualquer deficiente. A falta das rampas de acesso e de um número razoável de ônibus coletivos adaptados tornam a nossa vida muito difícil. Com as muletas, eu ainda posso subir e descer escadas, mas para quem usa cadeira de rodas é muito complicado”, desabafou.