Pesquisadores com projetos voltados para a melhoria da segurança pública do estado têm até o dia 28 de fevereiro de 2008 para submeter propostas para o Edital Temático de Segurança Pública da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb). Com recursos no valor de R$ 500 mil, o Edital vai apoiar pesquisas com foco no desenvolvimento de tecnologias inovadoras que demonstrem potencial de aplicabilidade de resultados na área, a fim de contribuir para o bem-estar da população da Bahia. As inscrições podem ser feitas no portal www.fapesb.ba.gov.br.

Um dos projetos que já conta com o apoio da Fapesb nesta área objetiva quantificar as amostras de materiais encontrados no estado que contenham cocaína. “Queremos descobrir quanto dessas amostras são mais ou menos puras”, explica a doutora em Química, Adriana Melo, que coordena o grupo de pesquisas forenses do Instituto de Criminalidade Afrânio Peixoto.

De acordo com a pesquisadora, esse mapeamento numérico vai permitir distinguir com maior precisão as áreas de tráfico e de consumo da droga. “Quanto mais pura a amostra, mais próximos do traficante estaremos. Por outro lado, estaremos mais próximos dos consumidores quanto maior for a quantidade de amostras impuras, já que, passando de mão em mão, a droga ganha outros componentes”, explica. A partir desse mapeamento, segundo Adriana, a polícia poderá traçar estratégias para o combate ao tráfico.

Embora a conclusão da pesquisa coordenada por Adriana Melo esteja prevista para 2008, os primeiros números apontam para um sério risco à saúde dos usuários de cocaína. “Estimamos que apenas 30% do que encontramos no estado seja cocaína pura, os outros 70% são lixo”, explica. Esse lixo ao qual Adriana se refere são misturas que, além de cocaína, contêm pó de giz, vidro, bicarbonato, cimento branco e, em alguns casos, até veneno.

Outra pesquisa apoiada pela Fapesb está sendo desenvolvida por Jorge Alberto de Campos, doutor em Ciência da Informação Espacial e Engenharia. Ele está coordenando um estudo que vai monitorar as viaturas da Polícia Militar em tempo real. “Nosso objetivo é implantar um novo sistema que permita que a polícia localize, via internet, o exato local onde as viaturas policiais estão no momento da consulta e se elas estão atendendo alguma ocorrência ou apenas circulando”, explica Campos.

A idéia é que esse sistema possa ser acessado por diversas áreas da Secretaria de Segurança Pública do Estado e não só pelos policiais que trabalham na central de comunicações da polícia, como acontece atualmente com a tecnologia de GPS que monitora as viaturas.

A pesquisa também prevê que outras informações, além da localização do veículo, possam ser armazenadas. “Ao longo do tempo, esses dados criarão um histórico capaz de ajudar a polícia a gerenciar com mais precisão as rondas, pois o sistema pode registrar onde e em que horário os crimes foram cometidos”, diz Campos.