Daniel Freitas

Redação/Agecom

A Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) divulgou, hoje (9), a lista completa dos 73 municípios baianos localizados na chamada zona de risco para a febre amarela, incluindo principalmente as regiões oeste, norte e sul, nas fronteiras com os estados de Minas Gerais, Tocantins, Goiás e Piauí.

Diante dos casos suspeitos e dos óbitos registrados em alguns desses locais, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep) está recomendando a vacinação, de forma seletiva, para crianças a partir de nove meses de idade e viajantes que pretendem se deslocar para essas áreas.

A vacinação já faz parte da rotina desses municípios, que são alvo de campanhas e têm cerca de 90% da população imunizada. A idéia agora é ampliar a proteção com maior vigor, inclusive na capital. Em Salvador, a vacina contra a febre amarela está disponível nos postos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), localizados no aeroporto e no porto.
Nos próximos dias, mais dois postos serão montados, um no terminal marítimo e outro na rodoviária. Nas cidades do interior, a vacina pode ser tomada nos postos de saúde e há estoque extra, caso a demanda cresça. A imunização garante 99% de eficácia contra o contágio.

A vacina deve ser tomada a partir dos nove meses de vida e faz parte do calendário de imunização. Quem nunca tomou ou já tomou há mais de dez anos deve procurar um posto de saúde e se imunizar novamente. Em 2007, foram aplicadas, na Bahia, mais de 525 mil doses de vacina. A meta é assegurar o reforço vacinal a cada 10 anos da data da última dose. Ciente da situação, o governador Jaques Wagner afirma que, na região oeste, está sendo feito um reforço na proteção à população.

“Nesse período de chegada de muitos turistas, vamos dobrar nossa atenção em todo o estado, principalmente nos aeroportos, implantando um serviço para garantir que as pessoas possam brincar o Carnaval em paz, sem nenhum tipo de contaminação”, declara o governador. O secretário da Saúde, Jorge Solla, também ressalta que as ações de imunização, realizadas nas regiões de fronteira com outros estados, estão sendo intensificadas no sentido de ampliar a proteção.

“Nossa maior preocupação é que pessoas de fora tragam doenças para o estado. O sarampo ainda existe na Alemanha, inclusive com ocorrência de surto, e no Canadá e em países da África. Assim, precisamos manter a proteção na Bahia, trabalhando para que ninguém chegue aqui contaminado e traga a doença de volta à população baiana”, enfatiza Solla.
A diretora da Divep, Alcina Andrade, pede que as pessoas com viagem agendada para as áreas de risco, tomem a vacina dez dias antes da partida, porque a vacina confere imunidade entre o sétimo e o décimo dia após a sua aplicação, e uma dose protege por 10 dias.

Inimiga do fígado e rins

Doença infecciosa causada pelo vírus amarílico, a febre amarela ataca o fígado e os rins, podendo levar à morte. Ela se divide em dois tipos: a urbana e a silvestre. A principal diferença entre elas é que, nas cidades, o transmissor é o mosquito Aedes aegypti, o mesmo vetor da dengue. Nas matas, a febre ocorre em macacos e os principais transmissores são os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, que picam preferencialmente os primatas.

Por isso, a necessidade de intensificar a imunização na Bahia, por conta da notificação de epizootias (enfermidades que atacam animais) em macacos em estados vizinhos, como Minas Gerais, Piauí, Tocantins e Goiás. Em todo o território brasileiro, o Ministério da Saúde apontou 11 estados como áreas de risco para a febre amarela silvestre.

Os principais sintomas da febre amarela são mal-estar, febre alta, calafrios, dor muscular forte, dor de cabeça, cansaço, vômitos e diarréia. Se não for tratado em tempo hábil e de forma adequada, o paciente pode morrer. Em 2000, foi verificado o último registro da febre amarela silvestre na Bahia – 10 casos, com três óbitos, sendo dois no município de Coribe e um Jaborandi. No Brasil, a ocorrência mais recente da doença amarela urbana foi verificada em 1942, no Acre, na cidade de Serra Madureira.

Municípios em área de risco

Alcobaça, Angical, Baianópolis, Barra, Barreiras, Belmonte, Bom Jesus da Lapa, Brejolândia, Buritirama, Campo Alegre de Lourdes, Canápolis, Canavieiras, Cândido Sales, Caravelas, Carinhanha, Casa Nova, Catolândia, Cocos, Cordeiros, Coribe, Correntina, Cotegipe, Cristópolis, Encruzilhada, Eunápolis, Feira da Mata, Formosa do Rio Preto, Guaratinga, Ibiraporã, Itagimirim, Itabela, Itanhém, Itapebí, Itarantim, Iuiú, Jaborandi, Jucuruçu, Lajedão, Luiz Eduardo Magalhães, Macarani, Maiquinique, Malhada, Mansidão, Mascote, Medeiros Neto, Mortugaba, Mucuri, Muquém de São Francisco, Nova Viçosa, Pilão Arcado, Piripá, Porto Seguro, Potiraguá, Prado, Remanso, Riachão das Neves, Santa Cruz Cabrália, Santa Maria da Vitória, Santa Rita de Cássia, Santana, São Desidério, São Félix do Coribe, Sebastião Laranjeiras, Serra do Ramalho, Serra Dourada, Sítio do Mato, Tabocas do Brejo Velho, Teixeira de Freitas, Tremedal, Urandi, Vereda, Vitória da Conquista e Wanderley.

Alerta contra o sarampo

A Bahia também está em estado de alerta contra a possibilidade de importação do vírus do sarampo, sobretudo com o aumento do fluxo de turistas da Alemanha, onde houve, na região sul da Bavária, um surto da doença, com 95 casos confirmados desde setembro do ano passado. O alerta é importante, já que muitos visitantes deste e de outros países, desembarcam em Salvador e municípios turísticos, nessa época de alta estação, para participar de festas populares e do Carnaval.

A vigilância está mais intensa nos portos, aeroportos e unidades de saúde públicas e privadas, para detecção precoce de casos suspeitos. O quadro clínico do sarampo é caracterizado por febre, tosse, coriza ou conjuntivite. Entre novembro de 2006 e fevereiro de 2007, a Bahia enfrentou um surto de sarampo relacionado ao vírus importado, vitimando 54 pessoas. O contágio se dá por meio de secreções respiratórias (nariz e boca), como gotículas provenientes da tosse, do espirro e do beijo.

Ambientes fechados, sem iluminação adequada, sem ventilação e com muitas pessoas juntas facilitam a disseminação do sarampo. A melhor forma de prevenção é a vacina, que pode ser a tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola), para crianças de um a sete anos, e a dupla viral (sarampo de rubéola), para mulheres até 49 anos e homens até 39 anos.