O umbuzeiro, uma planta exclusiva do semi-árido, mais precisamente, das caatingas sertanejas, começa a escassear em função da grande exploração da madeira, sobretudo como lenha para alimentar fornos de padarias, cerâmicas e outros, e da falta de replantio.

Para garantir a sua preservação, a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) vem desenvolvendo pesquisas e trabalhos de conscientização junto às populações rurais, visando criar mais uma alternativa econômica para a agricultura familiar da região que, nos meses de dezembro e janeiro, tem no umbu uma importante fonte de renda.

Uma das principais ações desenvolvidas pela empresa é a produção e distribuição de mudas de variedades de umbu-gigante na região que compreende os municípios de Brumado, Livramento de Nossa Senhora e Dom Basílio.

No ano passado, aproximadamente 20 mil mudas foram distribuídas pelo escritório local da EBDA, em Livramento de Nossa Senhora, para o cultivo econômico. A área plantada totalizou 280 hectares com a fruteira. De acordo com Francisco Bastos Cardoso, assessor técnico da empresa, já foram instaladas Unidades de Observação (UO) em propriedades rurais com áreas de 0,5 a 1,0 hectare, cada, totalizando 8.700 mil mudas plantadas em áreas de experimento e beneficiando 164 agricultores familiares.


Viveiros de mudas

“Nossa intenção é estimular estes agricultores a se organizar em associações para facilitar a difusão de conhecimentos relacionados à produção de mudas de qualidade, cultivo de forma racional e econômica e preservação do umbuzeiro, onde o maior beneficiado será ele próprio”, afirmou Cardoso. Nas Unidades de Observação está sendo avaliado o plantio do umbuzeiro em espaçamentos diversos, em regime de sequeiro e irrigado, com adubação química e orgânica, e em consórcio com outras culturas, como a mandioca, a mamona e a palma.

Para atender à demanda foram instalados dois viveiros de mudas, um, em Livramento de Nossa Senhora, e outro, em Dom Basílio, com mudas produzidas a partir de um Banco de Germoplasma (preservação de genótipos e identificação de materiais promissores) formado pela própria empresa, com 20 variedades novas (planta matriz), e 142 exemplares destas plantas, tendo como base o Banco de Germoplasma da Embrapa Semi-Árido.

Além da realização de pesquisas, estão sendo acompanhados 62 agricultores da região, com assistência técnica no processo tecnológico de produção de mudas de qualidade e no cultivo racional de umbuzeiro. “Isso garante maior produtividade e qualidade do fruto, o que significa mais renda para o agricultor”, esclareceu o técnico.

Quanto à comercialização da produção, como as áreas instaladas ainda não estão em fase de colheita – a produção de uma planta nova começa após o sexto ano – foram feitos alguns contatos com mercados de Salvador e disponibilizados frutos gigantes, das plantas-mãe, para observar o comportamento do consumidor.

Segundo Francisco Cardoso, todos os frutos colocados à venda foram adquiridos em tempo recorde (menos de quatro horas), com preço acima de R$ 8,00/kg. “Consideramos um excelente valor para os frutos gigantes, e esperamos que em pouco tempo as plantas comecem a frutificar para que os agricultores familiares possam colher lucros”, destacou.

Outras regiões da Bahia também estão investindo em pesquisa dos melhores materiais para produção comercial de umbu, tais como Ribeira do Pombal, Jequié e Itaberaba.

O umbu

O fruto chama a atenção pelo seu sabor típico e exótico e sua reprodução é natural, feita por animais que, ao comerem os frutos caídos no chão, saem espalhando as sementes por toda a caatinga. Não é usado qualquer tipo de fertilizante e defensivo. Em quase todas as cidades do Nordeste é possível se encontrar mercadores nas ruas vendendo umbu, em seus cestos. Além de consumida in natura, a fruta é utilizada na produção de sucos, sorvetes e doces.

As raízes do umbuzeiro também são apreciadas pelos caatingueiros, que as extraem para fabricação de uma farinha rica em proteínas (utilizada para bolos), e ainda como fonte de água, já que funcionam como um reservatório para a planta.

O trabalho desenvolvido por meio das associações contribui para conscientização da importância do umbuzeiro no bioma caatinga e da adoção de práticas de manejo que atendem à demanda do consumidor. A EBDA está orientando os produtores não só a produzirem melhor, mas também a criarem mecanismos que agreguem valor ao produto, tais como a despolpa e venda diretamente ao comerciante, sem intermediário, o fabrico artesanal de doces e a seleção de frutos de qualidade para venda in natura ao comércio em geral, tanto local como de outras regiões, inclusive Salvador.