Jornalistas e profissionais multimídia que participam do Programa de Intercâmbio de Informação da Agência Afro-Latina de Informação no exterior estão visitando Salvador para cobrir o Carnaval. O enfoque da cobertura é o Carnaval Afro.

Os comunicadores pretendem fazer uma leitura crítica em vários aspectos que não somente o da euforia, por conta de a capital baiana ter o maior contingente de negros fora da África e manifestar as tradições de matriz africana na maior festa popular do planeta. A iniciativa da rede de intercâmbio de informações é apoiada pelo Governo da Bahia através da Secretaria de Promoção da Igualdade.

De acordo com a programação os profissionais devem visitar blocos afro, participar de eventos (como concursos de beleza negra do Ilê Aiyê e do Okanbi) e fazer entrevistas com lideranças do movimento negro e autoridades. Na agenda do grupo de comunicadores que tem atuação em países como Estados Unidos, Canadá, França e Senegal, está a visita ao Observatório da Discriminação Racial e da Violência contra a mulher, que tem seu posto central instalado na ladeira de São Bento, Centro de Salvador.

Para Sophie Dawse, âncora e repórter do Programa Cafe du Monde da Rádio Comunitária Basse Ville (Canadá), o foco é identificar a inclusão e a exclusão do processo de quem faz o Carnaval. Já o jornalista senegalês Faye Lamine, editor da revista senegalesa Destin de l’Afrique, diz que o Brasil é um ambiente ideal para criar uma aliança panafricanista e dar repercussão ao movimento de unidade africana liderado pelo Senegal.

Lamine que também é presidente da Alliance Panafricaniste em Dakar e assessor do Presidente da República do Senegal, ressalta que o modelo de organização dos descendentes africanos e a existência de um grande número de organizações negras no Brasil são importantes para que a luta pela igualdade tenha êxito.

Concebido como uma forma de cooperar e compartilhar solidariedade através de ações informativas, o programa de intercâmbio da Agência Afro-Latina de Informação também será desenvolvido no sentido inverso, levando profissionais brasileiros de mídia (afrodescendentes terão prioridade) para outros países. O objetivo é encontrar pontos comuns e diferenciados entre os países que abrigam segmentos populacionais descendentes da África e culturas de matiz africanas, de acordo com o pensamento da diretoria colegiada da organização.

Através desses pontos, espera-se estabelecer elos nas questões encontradas que possam oferecer alternativas de eqüidade, como a conquista de direitos políticos e sociais. O resultado do trabalho dos profissionais visitantes, comentários e impressões sobre o que estão vivenciando serão disponibilizados na agência virtual de notícias da ALAI que está operando em caráter experimental (www.alaionline.org) e na revista senegalesa Destin de l’Afrique, edição brasileira bilíngüe.