Com o objetivo de discutir, com a participação de pesquisadores, as ações para recuperar a qualidade ambiental e a saúde da população de Santo Amaro, acontece nesta terça-feira (25), das 8 às 18h, no Hotel Holliday In, em Salvador, o Fórum Tecnologia Limpa para Santo Amaro da Purificação. O evento é uma iniciativa do Governo do Estado, por meio da Comissão Intersetorial da Purificação, coordenada pela Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti).

Durante 33 anos de operação, a Companhia Brasileira de Chumbo (Cobrac), subsidiária da empresa francesa Penarroya Oxide S.A, contaminou o município do recôncavo baiano com um passivo ambiental de milhões de toneladas de rejeito e cerca de 300 mil toneladas de escória com alta concentração de chumbo.

O fórum tratará de metodologias limpas de processamento de escória ou encapsulamento, resultando em um documento sobre a melhor forma de resolver a contaminação da cidade.

O evento será aberto com a palestra da professora Andréa Bernardes, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) sobre “Reciclagem de materiais sólidos contendo metais”. Haverá ainda a apresentação dos projetos Purifica, a cargo do professor Sandro Lemos, da Universidade Federal da Bahia, Hidrometalurgia, sob a responsabilidade do professor Luís Sobral, e do Projeto Unifacs, pelo professor Ângelo dos Anjos.

Danos


Uma das líderes mundiais na produção de óxidos de chumbo, a Cobrac produziu e comercializou cerca de 900 mil toneladas de liga de chumbo, em pouco mais de três décadas. Em 1993, ano em que a empresa encerrou as suas atividades, a escória ficou disposta a céu aberto, resultando na contaminação do solo e das águas. Os danos causados ao meio ambiente tiveram como conseqüência, a contaminação da população santamarense, principalmente os ex-trabalhadores e moradores do entorno da fábrica, que passaram a conhecer o saturnismo, uma doença que afina os braços, paralisa as mãos, provoca dores agudas, causa impotência sexual nos homens e aborto e má formação fetal nas mulheres.

Por causa do excesso de metais na água e no solo, outras doenças também foram identificadas como anemia, câncer de pulmão, lesões renais, hipertensão arterial, doenças cérebro-vasculares e alterações psicomotoras.