O governo federal e o governo da Bahia estão discutindo alternativas para equacionar as dívidas dos produtores de cacau, o que significa viabilizar a implantação do Plano de Aceleração do Desenvolvimento do Agronegócio na Região Cacaueira do Bahia (PAC do Cacau). O secretário estadual da Agricultura, Geraldo Simões, se reúne nesta quarta-feira, em Brasília, com dirigentes da Casa Civil e dos ministérios da Agricultura, Fazenda e Planejamento.

Além da questão endividamento e da liberação de novos créditos para investimentos na recuperação da lavoura cacaueira, o plano inclui projetos de diversificação, apoio à agroindústria e ao associativismo e a realização de obras de infra-estrutura.

“A renegociação das dívidas se dará em condições que permitam ao produtor quitar seus débitos e obter novos financiamentos”, afirmou Simões, que defende um tratamento diferenciado para a lavoura cacaueira, vitimada por uma crise que já dura duas décadas e que teve impacto profundo na economia regional.

Segundo o secretário, o cacau é viável quando associado a outros cultivos, como os da seringueira, dendê, pupunha e frutas. Ele lembrou que o plano também contemplará os pequenos e médios produtores, que representam 90% das áreas rurais no sul da Bahia.

A discussão de hoje envolve a renegociação das dívidas da primeira, segunda, terceira e quarta etapas do Programa de Recuperação da Lavoura Cacaueira, a aquisição de títulos do Tesouro Nacional e os financiamentos junto à Desenbahia, totalizando R$ 470 milhões.

“O governo federal e o governo da Bahia estão buscando a melhor alternativa para o equacionamento desses débitos, levando em conta a capacidade de pagamento do produtor e a necessidade de retomar o cultivo de cacau com alta produtividade e resistente a doenças”, ressaltou Simões.

Industrialização

“O PAC do Cacau vai significar uma mudança de mentalidade, porque pretendemos abranger toda a cadeia produtiva, fazendo com que a região deixe de ser apenas produtora de matéria-prima e passe a industrializar”, explicou o secretário.

Ele informou que o mercado de amêndoas movimenta R$ 300 milhões por ano no sul da Bahia, “ao passo que o mercado de chocolate no Brasil atinge R$ 4 bilhões/ano. Podemos absorver uma parte desse mercado, através da implantação de fábricas de chocolate com tecnologia desenvolvida pela Ceplac, investindo num produto com certificado de origem, porque, além de gerar emprego e renda, o cacau contribui para preservar a Mata Atlântica”, disse.