Os agricultores familiares da região de Irecê, maior produtora de pinha da Bahia, estão colhendo os frutos de um trabalho voltado para a melhoria da qualidade e da produção de pinha. O aumento dessa produtividade está diretamente ligado ao trabalho de assistência técnica realizada pela Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), que visa melhorar a qualidade dos pomares.

Os municípios de Presidente Dutra, Uibaí, Central, Jussara, Ibipeba, Lapão, São Gabriel, Cafarnaum, Itaguaçu, Ibititá e Irecê, juntos, ultrapassam a marca de seis mil hectares de área plantada, com produção estimada em mais de 50 mil toneladas/ano. Contudo, o destaque é para o município de Presidente Dutra, onde está localizada a maior produção do estado de 20 mil toneladas de pinha por ano, numa área de dois mil hectares plantados.

Na região são 1.200 hectares de área plantada totalmente irrigados e aproximadamente cinco mil hectares plantados em regime de sequeiro. A produção se diferencia pela questão da safra – o processo irrigado permite duas safras, que totalizam 22,7 mil toneladas por ano. Já o sequeiro, só produz uma colheita, atingindo 27,3 mil toneladas por ano. Cerca de 70% da produção da região é cultivada pelo processo de sequeiro.

Segundo Adão Oliveira Machado, técnico em agricultura da EBDA, e responsável pelo convênio de cooperação técnica com a prefeitura local, os produtores de pinha de Presidente Dutra, na sua maioria, são pequenos agricultores familiares, com áreas que variam entre dois e três hectares. “A assistência técnica tem sido fundamental para os agricultores familiares que nos procuram para obter informações, tanto na fase do plantio de sequeiro como do irrigado, bem como os tratos culturais para a cultura”, afirma o técnico agrícola.

Consórcio

A pinha, no seu desenvolvimento inicial, pode ser consorciada com outras culturas como as de abóbora, melão, melancia e feijão-de-corda (caupi), que não interferem no crescimento da planta. Adão Oliveira explica que os consórcios são importantes, nessa fase da cultura, pois, além de baixarem os custos de produção – já que oferecem uma renda extra -, no caso do caupi, servem ainda para fixar nitrogênio no solo, tornando-o mais fértil.

A irrigação da cultura tem se transformado em uma constante, na região, em função de permitir a produção já a partir do segundo ano, embora a produção comercial só se efetive a partir do terceiro ano. A pinha irrigada também produz duas safras/ano e, a partir do quinto ano, chega a produzir 17,5 toneladas por hectare.

O método de irrigação mais utilizado na região é o sistema xique-xique (de gotejamento), partindo de poços tubulares. “Este sistema atende perfeitamente às necessidades da cultura, economizando água e permitindo a racionalização dos tratos culturais”, enfatiza o técnico.

Para o produtor João Machado, da fazenda Velame, em Presidente Dutra, que possui um hectare de pinha irrigada, consorciada com feijão caupi, “o trabalho de assistência técnica da EBDA tem sido importante para os agricultores da região, que têm a pinha como a principal fonte de renda. Vou continuar a plantar e aumentar minha área” comenta.

Exportação

Dentro do trabalho de assistência técnica desenvolvida pela EBDA, na região, estão à implantação do sistema de irrigação e polinização, as orientações para a formação de pomares, plantio, consorciação, adubação, poda de condução de limpeza e de frutificação, indução floral para polinização com a finalidade de se obter safras fora do período normal, fertilização das plantas, colheita, seleção e comercialização da produção.

Sobre a comercialização, Adão Oliveira explica que toda a produção da região, particularmente a de Presidente Dutra, é exportada para São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Brasília. “Para o Distrito Federal vão os melhores frutos, por ser o maior consumidor e ofertar melhores preços”.