Os cacauicultores da Bahia têm motivos a mais para comemorar o Dia Internacional do Cacau este ano. Além do Plano de Desenvolvimento e de Diversificação Agrícola da Região Cacaueira da Bahia (PAC do Cacau), que visa revitalizar e diversificar a lavoura do sul do estado, anunciado pelo presidente Lula e pelo governador Jaques Wagner, foi lançado neste domingo (1) em Itamaraju, a 751 quilômetros de Salvador, no extremo sul, o Programa de Prevenção à Monilia do Cacau.

O programa, que será inserido ao PAC do Cacau, prevê ações integradas entre órgãos de pesquisa, assistência técnica e defesa vegetal. De acordo com o secretário da Agricultura e coordenador do PAC do Cacau, Geraldo Simões, ações como essas são muito importantes para fortalecer a economia da região, tendo em vista que a maior parte da população vive em áreas rurais.

“Com o plano vamos mudar uma situação que se estende há mais de 20 anos com a crise da lavoura cacaueira. Além do equacionamento da dívida, que já é um fato desde a publicação da Medida Provisória 432/ 28 de maio, vamos fornecer mudas mais resistentes para a renovação dos cacauais e a diversificação das culturas, como seringueira, pupunha, dendê, flores e fruteiras”, explicou.

Dentre outras ações voltadas para a região, Geraldo Simões anunciou a implantação de um viveiro de mudas em Itamaraju em convênio com o Instituto de Biofábrica de Cacau, assim como a contratação de técnicos para assistência técnica rural e a liberação de recursos para a viabilização de fabricas de chocolate, geridas por associações e cooperativas de agricultores familiares.

Na oportunidade, o diretor de Defesa Vegetal da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), Cássio Peixoto, apresentou as diretrizes do programa que de forma efetiva vai envolver diversos órgãos de pesquisas para evitar que a moniliase chegue a Bahia. “O mais importante agora é trabalhar em conjunto para prevenir a doença”, enfatizou. Dentro das ações a Adab intensificará a fiscalização agropecuária nas áreas de divisa do estado para controlar a entrada das sementes de pupunha (palmito) oriundas de áreas de risco.

Também serão identificados canais de comercialização e rotas de risco, entre a região Norte do Brasil e os demais estados produtores e processadores do cacau. Está prevista ainda a elaboração de medidas legislativas para disciplinar o trânsito e quarentena de material vegetal e pessoas provenientes de áreas de risco.

Outra ação será a capacitação e treinamento de técnicos e produtores em todos os pólos cacaueiros. Até agora só foram registrados casos da enfermidade, que é mais agressiva que a vassoura-de-bruxa, no Alto Amazonas, na fronteira com o Peru. A doença atingiu países como Equador, Colômbia, Venezuela, Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Peru, Honduras e Belize.

Premiações

O evento promovido pela Ceplac em parceria com a Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri) e Ministério da Agricultura (Mapa) reuniu aproximadamente 400 produtores da região.

Dentro da programação, foram entregues os diplomas de destaque e reconhecimento institucional ao produtor familiar, associação de agricultores, agroecologia e comercialização direta, além da escolha do cacauicultor do ano.
O diretor-geral da Ceplac, Gustavo Moura falou da importância do PAC do Cacau, desde a diversificação com o cultivo consorciado de seringa e dendê, até o equacionamento da dívida.

“Nessa região são 28 mil produtores que estão aptos a participar do plano, sendo que oito mil precisam renegociar seus débitos com descontos de até 80%, segundo a MP 432 do Governo Federal. Com isso vamos poder retomar a produção de cacau, incentivar novas culturas e abrir mercados, para produtos industrializados”. 

Para o produtor Erievaldo Alves de Souza, da cooperativa de Agricultores Familiares de Ilhéus (Coofasul – BA), premiado como destaque em comercialização do Programa de Aquisição de Alimentos com Entrega Simultânea do Pronaf, é muito importante esse reconhecimento, tendo em vista que a cooperativa foi que mais conseguiu recursos para a agricultura familiar da região.

Da mesma forma falou o ganhador do prêmio o Cacauicultor do Ano, Jorge Carilo, morador do distrito de Rio do Braço em Ilhéus, que tem uma propriedade de 15 hectares: “em 2001 produzia apenas 100 arrobas, hoje alcancei 1.372 arrobas. Tudo isso graças ao trabalho em conjunto para recuperar áreas de lavoura de cacau, que me proporcionou a utilizar mudas clonadas”, afirmou.

Histórico

O Dia Internacional do Cacau é comemorado anualmente no primeiro domingo de junho. A data foi criada em Turrialba, Costa Rica, em 1958, por sugestão do cientista americano Robert Fowler durante Conferência Interamericana do Cacau que reuniu especialistas de todo o mundo. O evento tem o objetivo de promover a cultura, atualizar conhecimentos, trocar experiências entre pesquisadores, estreitar o relacionamento entre as instituições e homenagear os agricultores que mais se destacaram.

Há dois anos a data é comemorada na Bahia de maneira itinerante em municípios da região cacaueira da Bahia. Em 2006, Camacan foi o escolhido, enquanto no ano passado a festa aconteceu em Gandu. No próximo ano o evento será realizado em Mutuípe.

Segundo a direção da Ceplac a realização das comemorações de forma itinerante é a maneira de integrar os produtores e técnicos aos esforços na luta contra a vassoura-de-bruxa e na divulgação de novas práticas de manejo.