Publicada às 11h25*

Atualizada às 17h20*

Conhecida como “terra do feijão”, por conta das grandes safras colhidas nas décadas de 1970 e 1980, Irecê, 478 quilômetros de Salvador, foi sede da quinta plenária regional para a 1ª Conferência de Comunicação da Bahia. A plenária, no campus da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) é recordista em inscrições: 248. Entre os inscritos, estudantes, comunicadores e representantes da sociedade civil organizada. O número surpreendeu a coordenadora da Conferência, Rosely Arantes. “Estávamos com uma média de 100 a 120 inscritos. Nesta quinta plenária ultrapassamos 200. Foi uma surpresa muito boa”, afirmou.

Quatro temas são propostos nas plenárias: Comunicação e desenvolvimento territorial; políticas públicas de comunicação; comunicação e educação e cidadania e novas tecnologias. O assunto mais procurado, em Irecê, foi comunicação e educação. Para o moderador da conferência, Edson Valadares, o alto número de inscritos, neste tema, já era previsto. “Temos aqui, muitos estudantes de licenciatura e professores de pedagogia. Por isso, é normal eles se interessarem pelo assunto. Além disso, os sub-temas abordados são de extrema importância para estas pessoas. Como, por exemplo, metodologia/leituras críticas e universidade e formação do professor, educação a distância, etc”, disse Valadares.

“Eu trabalho com educação e me preocupo como a informação chega aos receptores, como é veiculada e como as pessoas interpretam esta informação. Acho importante o receptor refletir sobre esta comunicação que já passou por um processo de interpretação para chegar até ele”. Esta é a justificativa da professora de pesquisa e estágio Ceniuza Santos, para ter escolhido a turma da comunicação e educação.

Nas quatro plenárias anteriores, ocorridas em Barreiras, Vitória da Conquista, Eunápolis e Ilhéus, o tema com maior número de inscritos foi políticas públicas de comunicação, segundo mais buscado no município de Irecê. “Este é o conteúdo que mais interessa, na verdade, aos jornalistas. Trata da questão das rádios comunitárias, do financiamento público etc.” Completa Valadares. Para completar o ciclo de plenárias, ainda restam mais três, que vão ocorrer em Juazeiro, Salvador e Feira de Santana.

Discussão

Cada eixo temático das plenárias de comunicação possui sub-temas que são os alvos de discussões. Em comunicação e educação, os três sub-assuntos são: Metodologia/leituras críticas; escolas e as tecnologias e universidade e formação do professor, que servem para estimular o debate. “Estes sub-temas orientam aos participantes da plenária ao que discutir. Afinal, o assunto comunicação é muito amplo. Desta forma conseguimos extrair dos participantes propostas concretas à serem apresentadas na etapa final da Conferência, em agosto, em Salvador”, afirmou Danilo Uzeda, moderador de sala.

O sub-assunto escolas e tecnologias de informação e comunicação foi o que rendeu discussões fervorosas. “As pessoas estão discutindo muito a relação de crianças e adolescentes com a internet. O papel dos pais em mediar o que os jovens têm acesso, além da escrita virtual e real. As pessoas estão preocupadas como estes jovens vão escrever futuramente, depois desta era onde tudo se abrevia”, observou a moderadora de sala, Milena França.

Já no eixo temático políticas públicas de comunicação, dos quatro sub-temas: controle social; financiamento público; regulamentação do sistema de comunicação (rádios comunitárias) e comunicação governamental; a questão mais abordada foi regulamentação do sistema de comunicação. “Nós temos a Anatel que é responsável pela rede de telecomunicação, a OAB que responde pela categoria dos advogados, mas os jornalistas e radialistas não possuem um órgão que regulamente e cuide dos direitos dos comunicadores. Então, para mim, é necessário a criação de um Conselho Nacional de Comunicação. Isto é o que eu defendo aqui”, frisou o diretor de rádio Mauro Barreto, integrante da turma políticas públicas.

O tema que atraiu a locutora Meury Conceição, foi comunicação e desenvolvimento territorial. “Eu já trabalho nesta área há mais de dez anos e tive interesse em compreender melhor esta questão de territórios, da cultura, da produção, enfim, deste local em que trabalho”, acrescentou.

Já o estudante de psicologia Etemício Soares, preferiu o tema cidadania e novas tecnologias. “Este assunto, em minha opinião, é o mais atual, que mais se adequa aos jovens por relacionar educação com tecnologia. Não há mais como fazer educação sem utilizar a tecnologia. Como quero atuar na área educativa eu tenho que buscar e compreender o que há de mais moderno”, afirmou Soares.

Delegados 

Ao fim da quinta plenária regional foram eleitos 30 delegados: 15 dos eixos temáticos e 15 de cada território de identidade. Entre as propostas a serem abordadas durante a 1ª conferência de comunicação estadual, a ser realizada em Salvador, no mês de agosto, nos dias 14, 15 e 16, estão: viabilização de projetos de capacitação de novas tecnologias dos profissionais, enfatizando os professores como multiplicadores que atuam na área de inclusão digital continuada; Criar infocentros que colaborem com a educação integral dos indivíduos nas comunidades e promover a democratização da comunicação através da criação de conselhos nas três esferas do governo.

Para o assessor geral de comunicação do Governo do Estado, Robinson Almeida, a escolha destes representantes territoriais é de extrema importância. “Os delegados são os representantes da sociedade; porta-vozes do conjunto de debates que são discutidos nestas fases preparatórias; são o processo final das plenárias e vão levar para o processo final da conferência as diretrizes de comunicação social para serem implantadas no estado”, completou.

O estudante de pedagogia Danilo Rocha foi um dos representantes eleitos e assegurou desempenhar bem o papel de delegado regional do eixo temático. “É importante garantir que pessoas que não tem voz ativa sejam bem representadas e tenham acesso a comunicação. Vou defender na etapa final, nossas propostas, entre elas a de ampliação das rádios comunitárias, assegurando a formação destes profissionais” afirmou.