A construção de uma agenda de ações pactuadas entre as diversas organizações voltadas ao fortalecimento do Arranjo Produtivo Local (APL) dos Derivados da Cana-de-Açúcar será o principal tema do seminário que a Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) promove nesta sexta-feira (25), no Centro de Federal de Educação Tecnológica (Cefet) de Vitória da Conquista.

Atualmente, na Bahia, os derivados da cana-de-açúcar são produzidos em treze pólos, abrangendo 120 municípios, como Itaquara, Itabuna, Vitória da Conquista, Itarantim, Porto Seguro, Piripá, Caetité, Abaíra, Lençóis, Santana, Barra e Barreiras, além do recôncavo baiano.

O 1º Seminário do APL de Derivados da Cana-de-Açúcar vai também apresentar e discutir com as instituições parceiras o Progredir – Programa de Fortalecimento da Atividade Empresarial do Governo do Estado e mostrar as ações governamentais e não governamentais que vêm sendo desenvolvidas no referido APL.

O evento começa às 14hs, também com a finalidade de implementar uma articulação institucional e conta com representantes do Território da Região de Vitória da Conquista, do SEBRAE, da Superintendência da Agricultura Familiar -SUAF/SEAGRI, da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração e da Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial – SUDIC, para potencializar o Fortalecimento da Governança do APL de Derivados da Cana de Açúcar.

Os APLs são aglomerações de empresas, localizadas em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva e mantêm vínculos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais, tais como: governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa.

O Progredir é executado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia (Secti), em parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e Instituto Euvaldo Lodi (IEL), com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Além de apoiar o desenvolvimento produtivo e a competitividade de micro e pequenos empresários da Bahia, o Programa vem contribuindo para identificar novos mecanismos de intervenção pública que aumentem a eficiência coletiva nos aglomerados.

São beneficiários da iniciativa onze APLs: Tecnologia da Informação (Região Metropolitana do Salvador), Transformação Plástica (RMS), Confecções (RMS e Feira de Santana), Fruticultura (Juazeiro e Vale do São Francisco), Cadeia de Fornecedores Automotivo (RMS, Feira de Santana e Recôncavo), Turismo (Zona do Cacau), Piscicultura (Paulo Afonso), Derivados da Cana-de-Açúcar (Chapada Diamantina), Caprinovinocultura (Senhor do Bonfim e Juazeiro) e Rochas Ornamentais (Ourolândia, Jacobina e Lauro de Freitas) e Sisal (Serrinha, Valente e outros municípios da região sisaleira do Estado).

“No caso do APL dos Derivados da Cana-de-Açúcar, existe uma aglomeração de empresas, cooperativas e associações de produtores com interesses convergentes, em busca de integração, cooperação e de ações de mercado e formulação de estratégias”, explica o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Ildes Ferreira.

Entre as ações previstas estão a Certificação do Selo do Inmetro, difusão de práticas de produção qualitativa com gestão de indicadores quantitativos, estabelecimento do preço ideal de venda no mercado, parcerias para distribuição em conjunto das marcas e a criação da Central de Negócios.

Com uma área plantada de 92.947 ha e produtividade estimada em 5.592.921 toneladas de cana (IBGE, 2005), perfazendo mais de 7.000 estabelecimentos, a cadeia produtiva da cana-de-açúcar na Bahia é representada por micro e pequenas unidades industriais de produção, na sua maioria produtores da matéria-prima, atendidos por fornecedores de insumos, comerciantes e prestadores de serviços, regidos por agentes institucionais apoiados por organizações visando atingir o mercado consumidor. Dentre os derivados, a rapadura, o melaço de cana e o açúcar mascavo, embora não sejam vendidos em larga escala, são considerados produtos estratégicos para o segmento.

Cachaça de qualidade é um dos principais produtos do APL

Com uma produção nacional que atinge 1,5 bilhão de litros por ano, segundo o Programa Brasileiro de Desenvolvimento da Cachaça (PBDACA), a cachaça é um dos principais produtos do APL dos Derivados da Cana-de-Açúcar, na Bahia. Porém, somente 1% é exportada, havendo a necessidade de padronização deste produto para que haja aumento nas exportações.

A fim de aumentar as exportações, os produtores vêm investindo intensamente na qualidade do produto. Tanto que a Cachaça Engenho Bahia, produzida em Ibirataia, no sul da Bahia, é a primeira cachaça de alambique do Estado a receber a certificação de qualidade do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualificação Industrial (Inmetro).

A certificação representa o Regulamento de Avaliação da Conformidade da Cachaça (RAC), elaborado pelo Inmetro, e o Padrão de Identidade e Qualidade da Cachaça (PIC), preparado pelo Ministério da Agricultura. O RAC visa regular os níveis de carbamato de etila, metanol e cobre presentes na cachaça, para tornar viável sua entrada nos mercados internacionais.