Equipamento pioneiro no campo da inteligência artificial no estado, com potencial para movimentar milhões de dólares e gerar centenas de milhares de empregos no mundo todo, a Bahia pode ganhar um Pólo de Robótica Emergente (Probem). Proposta por um grupo de pesquisadores de baianos, a iniciativa, uma vez implantada, vai transformar a Bahia em um pólo de tecnologia de ponta na indústria de produtos inovadores.

Em cerca de dois anos, as primeiras empresas geradas pelo projeto estarão deixando a fase de incubação e se tornando uma das principais ações do Parque Tecnológico de Salvador. Essas empresas cobrirão todo o ciclo robótico, desde a produção de circuitos integrados até robôs completos voltados para aplicações finais. 

Probem congrega os laboratórios da Universidade Federal da Bahia (Ufba), da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), com a Cooperativa dos Saberes, e do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet).

A implantação do Probem foi discutida nesta segunda-feira (28), no auditório da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (Famed/Ufba), durante a I Oficina de Projetos em Robótica Emergente. O evento discutiu também a consolidação de uma estrutura acadêmica multiinstitucional e multidisciplinar para a criação do Instituto Internacional de Ciências da Cognição (IICC).

Pela proposta, o IICC será instalado no Parque Tecnológico de Salvador, que a Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) está implantando na Avenida Paralela. O IICC foi concebido como o centro articulador da grande rede que será o Pólo de Robótica Emergente.

A primeira etapa do Probem foi proposta em março passado à Secti e ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). De imediato, o secretário estadual de CT&I, Ildes Ferreira, abraçou a proposta e pediu que fossem apresentados os projetos. Seis pedidos de patentes já estão em fase de elaboração e a expectativa dos pesquisadores é de que sejam geradas dezenas de novas patentes nos próximos anos, abrindo novas perspectivas de financiamentos para as universidades públicas.

Os projetos foram inscritos no Programa Estadual de Incentivo à Inovação Tecnológica (Inovatec), executado pela Secti. A estimativa de investimentos para a primeira etapa do Probem é de quase R$ 40 milhões. Esses recursos devem ser captados em diversas fontes de financiamento, como editais temáticos, fundos setoriais e instituições de pesquisa.

O passo inicial para a implantação do Probem será a construção de uma plataforma laboratorial, através de laboratórios que funcionarão sob a coordenação da rede de pesquisa SERLS – Sistemas Emergentes de Representações, Linguagens e Semióticas, instituída pelas instituições de ensino e pesquisa.

Desenvolvimento tecnológico

Para a coordenadora do Doutorado de Difusão Científica (um projeto multiinstitucional), Teresinha Fróes, com projetos como o Probem a universidade pública cumpre o seu papel de produtora do conhecimento e promotora do desenvolvimento tecnológico do Estado. “Em um estado em que a maior parte dos investimentos em inovação apresentou pouco ou nenhum retorno, é alvissareira a expectativa de resultados e animadora a perspectiva de retorno para a população”, disse.

O pesquisador Eduardo Santos Souza, autor da proposta do projeto inicial, afirmou que o sonho dos primeiros pesquisadores em inteligência artificial da década de 50 do século passado está perto de se concretizar. Ele garantiu que a Bahia terá um papel de protagonista na realização desse sonho. “Nossos robôs vão transitar em um mundo que eles mesmos construirão. Eles vestirão este universo com seus signos. Construirão seus castelos nas nuvens e morarão neles”, destacou.

Dentre os resultados esperados pelos especialistas, estão a criação de produtos inovadores e a construção de motores e sensores para os robôs, no campo da inteligência artificial, e, na área de engenharia de software, o apoio à criação de produtos como motores de jogos, agentes autônomos multicamadas, sistemas de respostas automáticas, jogos eletrônicos, repositórios de objetos de aprendizagem, ferramentas de autoria e ambientes de simulação com recursos de realidade virtual.

Já no terreno da robótica educativa, devem ser desenvolvidos protótipos de software livre e protótipos de robótica emergente. Também estão sendo esperados a geração de empresas de base tecnológica (produtos e patentes, primeira geração), a produção de componentes básicos para a fabricação de inteligência artificial e robótica emergente, a produção de controles de processos, computadores, console e robôs (segunda geração) e, na terceira geração, sistemas especialistas, softwares, games e robôs comportamentais.