Para apresentar os resultados dos experimentos que visam o desenvolvimento das culturas graníferas, oleaginosas e da mandioca no nordeste da Bahia, a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), órgão da Secretaria Estadual da Agricultura (Seagri), em parceria com a Embrapa Tabuleiros Costeiros, realizou nesta quinta-feira (27), em Paripiranga, um dia de campo sobre o projeto Tecnologias para o Desenvolvimento da Agricultura Familiar no Estado da Bahia.

Os experimentos e as unidades de demonstração de quatro estações experimentais da EBDA foram implantados na Fazenda Lagoa da Vaca, de propriedade do agricultor Virgílio Ferreira de Oliveira, 66 anos, localizada a 20 quilômetros da sede do município, cujas culturas de feijão, milho comum, híbridos do milho, girassol, mandioca e pinhão-manso, entre outras, estão sendo testadas no que se refere à produtividade, época de plantio e tolerância a pragas e doenças.

Na oportunidade, mais de 500 agricultores familiares conheceram o desempenho dos cultivares, além de tecnologias para produção e formação de bancos de semente que servirão de base na produção de campos para o programa estadual de distribuição de sementes, o Semeando, desenvolvido pela Superintendência de Agricultura Familiar (Suaf).

Para o diretor-executivo da EBDA, Hugo Pereira de Jesus Filho, que esteve presente no evento, a capacitação oferecida aos agricultores familiares, para que estes passem a produzir suas próprias sementes, é um dos passos mais importantes para a elevação da produção e produtividade baiana de grãos. “A conscientização dos agricultores familiares na utilização das sementes indicadas pela pesquisa durante o plantio é outro ponto fundamental para a melhoria dos índices”, explicou.

Pereira informou que, enquanto os híbridos de milho cultivados na região de Paripiranga (maior produtora de milho da Bahia) produzem uma média de 80 sacas por hectare, as variedades utilizadas pela pesquisa durante os experimentos, juntamente com as tecnologias preconizadas, apresentam produtividade média de 150 sacas por hectare, “praticamente o dobro das variedades tradicionais”.

Apresentação

A primeira estação do dia de campo mostrou os cultivares de feijão de diferentes ciclos e comportamento em relação a pragas e doenças. A segunda abordou o comportamento das variedades e dos híbridos de milho com diferentes potenciais de produção, precocidade, resistência e tipos de grão.

Na terceira estação, as variedades de girassol e pinhão-manso foram mostradas como alternativas de arranjos produtivos e como matéria-prima para o biodiesel. Sobre a mandiocultura, foi apresentada aos agricultores uma nova variedade, a Kiriri, que apresenta alta produtividade de raiz.

A quarta e última estação apresentou tecnologias simples para o armazenamento e beneficiamento de sementes realizadas pelos agricultores familiares e os materiais de milho, feijão e girassol indicados para a produção de sementes no nordeste da Bahia.

Segundo o engenheiro agrônomo da EBDA e coordenador do programa, Edson Alva Oliveira, esses e outros experimentos implantados vão subsidiar agricultores familiares das regiões de Irecê, Barreiras, Ribeira do Pombal e Vitória da Conquista.

“Este é o quinto ano consecutivo que realizamos pesquisas voltadas para a identificação de cultivares, de culturas graníferas, mais produtivas, tolerantes e adaptadas ao semi-árido baiano, e os resultados são compensadores, particularmente pelo interesse demonstrado pelos agricultores”, afirmou o coordenador.
O agricultor Miguel Andrade do Rosário, da Fazenda Cabeça da Serra, em Paripiranga, que já participou de outros dias de campo nessa localidade, disse que acha a iniciativa válida.

“É muito importante esse dia de campo, porque o agricultor fica mais informado e aprende mais. Tenho usado os ensinamentos na minha roça, principalmente para a adubação das plantas, cobertura, e agora faço análise da terra para saber adubar direito”, destacou ‘Miguel de Ubelino’, que fez questão de dizer como é conhecido na região.

Resultados alcançados

Diversas variedades de grão já foram indicadas pela pesquisa a partir desses experimentos. As de milho Catingueiro, Asa Branca e Sertanejo foram as que mais se destacaram nos quesitos produtividade e resistência às pragas, doenças e estresse hídrico.

Destaque também no plantio do nordeste da Bahia para a variedade Pérola, de feijão do grupo carioca, que demonstrou produtividade e tolerância a pragas e doenças.

Quanto ao girassol, o engenheiro agrônomo Valfredo Dourado, da EBDA, informou que foi implantado este ano um experimento dessa oleaginosa, com 56 variedades e híbridos, e já se começa a identificar os mais promissores. “O girassol tem se destacado como uma cultura com grande potencial para o nordeste da Bahia”, disse.