Atualmente, 92% dos casos de tráfico de seres humanos estão relacionados a exploração sexual e as principais vítimas são as mulheres, crianças e adolescentes.

Os dados são da pesquisa realizada em Salvador e Feira de Santana, no período de janeiro e julho deste ano, por iniciativa do Instituto Winrock Internacional, com apoio do Governo do Estado da Bahia e da Fundação OAK.

Os resultados foram apresentados pela secretária da Justiça, Marília Muricy, quinta-feira (23), durante o “V Encontro Internacional sobre Direitos Humanos, Segurança Pública e Enfrentamento ao Tráfico de Seres Humanos: Assistência Integral às Vítimas”.

A pesquisa sobre Tráfico de Crianças e Adolescentes para Fins de Exploração Sexual no Estado da Bahia teve como objetivo levantar informações para propor políticas públicas de combate ao tráfico de seres humanos.

Os pesquisadores estudaram 22 vítimas de exploração sexual para entender o que leva crianças e adolescentes ao envolvimento com o tráfico para fins de exploração sexual nos dois maiores municípios do estado.

A prática criminosa do tráfico de pessoas movimenta anualmente de 7 a 9 bilhões de dólares, perdendo em lucratividade apenas para o tráfico de drogas e contrabando de armas.

Muricy afirmou que “essa cartilha ajuda na compreensão do problema e a enxergar a causa real dessas pessoas que estão atrás deste grande cenário do tráfico de pessoas, particularmente, do tráfico de crianças e adolescentes”.

Ela fez um relato sobre as páginas que compõe a pesquisa, ressaltando que “o que mais dói nessa leitura é o registro das esperanças, o registro do grito de socorro que estas crianças estão dando, pedindo um pouco de futuro”.

A secretária reafirmou ainda o compromisso da SJCDH, por meio da Superintendência de Apoio e Defesa aos Direitos Humanos (SUDH), com o trabalho de combate ao tráfico.

“A rede de prevenção vai fortalecer os equipamentos de repressão, criar mecanismos de atendimento para essas vítimas, mas só teremos dado um passo efetivo no caminho de uma melhor perspectiva de vida para essas crianças, no momento em que cada um de nós for capaz de enxergar naquele menino, o seu filho”.

Constatações

A pesquisa apontou que o tráfico para fins sexuais, nas duas cidades analisadas, ocorre de forma diferenciada. Em, Salvador pela via do turismo sexual e em Feira de Santana, pela prostituição convencional.

O estudo também revela que as vítimas são vulneráveis a esse tipo de tráfico pela falta de perspectiva e de um projeto de vida, a ausência de atendimento às necessidades básicas de alimentação, vestuário e habitação, a influência de amigos, vizinhos e pessoas conhecidas, a facilidade de se deslocar para outras cidades, além de situações de desemprego e abandono da família, entre outros agravantes.

A impunidade e a corrupção associadas ao sistema de defesa e responsabilização, também são fatores, entre outros, abordados na pesquisa, que ratificam a incapacidade de respostas mais eficazes e de uma repressão efetiva às redes criminosas que aliciam essas crianças e adolescentes.

Propostas para solução

Para ajudar a diminuir este quadro de tráfico de crianças e adolescentes, na Bahia, a pesquisa propõe algumas ações de combate a este tipo de tráfico.

Entre elas, desenvolver e adotar uma política pública de cultura, esporte e lazer com foco na cidadania, formar grupos e associações de famílias em situação de violência familiar para atuarem como multiplicadores em campanhas e programas de prevenção, e promover o atendimento interdisciplinar, por profissionais especializados, para crianças e adolescentes vítimas de violência e seus familiares.