Sessenta e seis famílias que residem na Vila Nova Esperança, antiga Rocinha do Pelourinho, serão beneficiadas com o projeto de reurbanização da área. Além de casas, a comunidade terá a construção de equipamentos coletivos, como biblioteca, sede do centro comunitário, cozinha e estúdio multimídia.

O projeto, desenvolvido pelo escritório Brasil Arquitetura, com coordenação dos arquitetos Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci, foi apresentado à comunidade nesta segunda-feira (10), no auditório do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), no Pelourinho.

A Vila Nova Esperança abrange uma área de 10.500 metros quadrados, atrás da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba), com acesso pela Rua Alfredo de Brito. O projeto de urbanização foi concebido em parceria com a comunidade, que participou de todas as etapas de elaboração.

Na apresentação, Ferraz ressaltou a importância de integrar a comunidade à dinâmica do Centro Histórico, fez um histórico dos 20 anos de resistência de seus moradores e chamou atenção para a necessidade de manutenção da infra-estrutura urbana que será entregue. "Da mesma forma como vocês estão lutando para que este projeto aconteça, vocês também vão lutar para a manutenção dele, encontrando a forma de gerir os equipamentos comunitários, impedindo qualquer tipo de construção irregular em áreas que não foram planejadas para isso, a exemplo da construção de lajes e puxadinhos", declarou.

Reabilitação do Centro Antigo

A urbanização da Vila Nova Esperança integra o Plano de Reabilitação do Centro Antigo, elaborado pelo Escritório de Referência, unidade gerencial da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), para a reabilitação integrada, participativa e sustentável da região, abrangendo os aspectos sociais, econômicos, culturais e urbanísticos.

“Trazemos um novo olhar sobre a população e estamos assinando um termo de compromisso que garante que os moradores estão sendo transferidos apenas para que as obras sejam realizadas, e que eles voltarão para cá assim que elas forem finalizadas”, explicou o secretário de Cultura, Márcio Meirelles. Para ele, o projeto “é urbanisticamente bonito e uma semente de mudança no pensamento da habitação popular”.

De acordo com informações da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur), as obras de habitação popular serão iniciadas em abril de 2009, assim que os recursos forem liberados e o processo de licitação finalizado. Os recursos, da ordem de R$ 6,5 milhões, são provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, em parceria com a Secult e a Sedur, por intermédio da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Bahia (Conder). O projeto também envolve a participação da ONG Habitat para a Humanidade, e da iniciativa privada, com empresas como a Nestlé e a Dow Química.

“É uma pequena revolução no Centro Histórico. Estamos crescendo com as próprias pernas. Este governo está olhando diferente para a população e nosso desejo é que este seja um projeto piloto”, disse Ednaldo Sá, secretário de comunicação e cultura do conselho cultural dos moradores da Vila Nova Esperança. “Queremos tudo o que nos foi negado durante anos. Este é um momento histórico.”

“Este projeto é o resultado de uma soma de esforços. Em função de sua qualidade e do desafio que representa, estamos nos movimentando para o desenvolvimento desta comunidade”, disse o diretor da Dow Química, empresa que financiará a construção dos equipamentos coletivos na Vila Nova Esperança, Marconi Andraos.