Estudantes de mais de 70 municípios baianos estão antenados com as questões ambientais nas oficinas oferecidas pela 1ª Conferência Estadual Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, que acontece até a próxima quinta-feira (20), no Centro de Treinamento de Líderes, em Itapuã.

Depois de debaterem os problemas ambientais existentes nas escolas e municípios onde vivem, eles discutirão propostas para saná-los e colocarão as idéias em um documento que será entregue ao governador Jaques Wagner, durante cerimônia de encerramento, que será realizada no Parque da Cidade. Além de apresentar propostas, na carta, eles também assumem responsabilidades.

Realizada pela Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC), a conferência baiana está em sintonia com a celebração do Ano Internacional do Planeta e a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável. O encontro, que reúne estudantes de 11 a 14 anos das redes estadual, municipais e privada, reforça o que foi afirmado na Carta da Terra, Tratado de Educação Ambiental para Sociedade Sustentável e Responsabilidade Global e na Agenda 21.

De acordo com a coordenadora de Educação Ambiental da SEC, Solange Alcântara, a proposta é que as discussões sirvam para mobilizar ainda mais os estudantes para intervirem nos problemas ambientais existentes nas escolas e no meio onde vivem. “A conferência não pára aqui, é só mais uma etapa do que tem que ser desenvolvida. Consideramos que ela é um marco histórico, por ser a primeira no estado”, pontuou a coordenadora.

O superintendente de Desenvolvimento Sustentável da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Eduardo Mateddi, destacou que, a partir da experiência com a conferência, os estudantes assumirão um maior compromisso com o meio ambiente equilibrado.

Conscientização

Estudante do Colégio Estadual Carneiro Ribeiro, em Feira de Santana, Noemi Moreno, 14 anos, contou que sempre esteve atenta e preocupada com as questões ambientais. Agora, com a conferência, está tendo a oportunidade de aprofundar melhor os conhecimentos sobre o tema e descobrir meios de intervir tanto em suas ações, como nas da comunidade onde vive, para minimizar os danos. “Antes eu via uma torneira aberta e não ligava, agora sei que pequenas ações podem contribuir para mudar a realidade”, disse.

Foi também a partir dessa tomada de consciência que o estudante da Escola Pastor Francisco Lopes, Fernando Mota dos Santos, passou a mudar a forma de olhar e agir no meio onde vive. Morador da comunidade quilombola de Brejo Grande, no município de Ituberá, atualmente ele anda vigilante não apenas com os próprios hábitos considerados nocivos ao meio ambiente, como também ao de toda a vizinhança. “Não jogo mais o lixo em lugares inadequados e também falo para os meus vizinhos que eles não podem derrubar a mata, que não podem fazer queimadas e pescar com bomba. Acho que, depois que comecei a falar, diminuiu um pouco”, disse.

Dos 134 delegados que participam do evento, 27 representarão o estado na Conferência Nacional, sendo três representantes de quilombolas, indígenas e de assentamentos rurais. A escolha dos delegados ocorreu nas escolas, com a confecção de cartazes, com as mais distintas abordagens, sobre os problemas e desafios para a preservação do meio ambiente. Cada trabalho apresenta um problema que põe em risco o equilíbrio ambiental e as maneiras de combatê-los.

A I Conferencia Estadual pelo Meio Ambiente integra a Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, que envolve estudantes de comunidades indígenas, quilombolas, assentamentos rurais sem escolas e alunos com necessidades especiais, sem restrição de idade, que estejam cursando as séries finais do ensino fundamental.

Carta

O documento que será entregue ao governador, nesta quinta-feira 920), às 16h, no Parque da Cidade, os estudantes irão assumir responsabilidades e o Estado ficará encarregado de criar condições para a implementação das ações. “A conferência não é o momento estanque porque as ações retornarão para as escolas”, ressalta a coordenadora de Educação Ambiental da SEC. Durante o encontro serão criadas comissões de meio ambiente e qualidade de vida para as escolas e, a partir delas, as escolas implementarão a sua Agenda 21.