Representantes da Guatemala que participaram da Cúpula da América Latina e do Caribe, encerrada, a semana passada, na Costa do Sauípe/Salvador, conheceram as experiências do projeto de alimentação diferenciada na Escola Indígena Coroa Vermelha, no município de Porto Seguro.

Eles foram recepcionados, no espaço Thá Fene, em Lauro de Freitas, por representantes do povo Pataxós, o secretário da Educação do Estado, Adeum Sauer, e o ministro de Desenvolvimento Agrário, Roberto Dalton.

No evento estavam presentes o presidente da Comissão Nacional de Energia Elétrica da Guatemala, Carlos Colom, o embaixador da Guatemala no Brasil, Carlos Jimenez, a primeira secretária da Embaixada da Guatemala, Luisa Queiróz, e o diplomata do Ministério das Relações Exteriores do Itamaraty, Maurício Franco.

O diretor da unidade, Ademário Braz, destacou a importância da autonomia da escola na compra da merenda, que antes era feita pelo município, o que resultava em desperdício. “Hoje atendemos a necessidade da nossa comunidade e compramos produtos produzidos pelos próprios indígenas na roça, respeitando nossa cultura”.

Ele falou sobre as mudanças no currículo, que se adapta à realidade de cada tribo, o bilingüismo e a interculturalidade, além da importância de se ter observado as reais necessidades dos índios e do respeito e valorização às comidas típicas indígenas como a mandioca, que faz o beiju, o bolo de tapioca e o aipim.

A nutricionista e monitora do Centro Colaborador de Alimentação e Nutrição do Nordeste, Lílian Santos, abordou o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que atende a todos os matriculados na rede pública, e enfatizou a importância de uma alimentação adequada, principalmente infantil que, se não for balanceada, pode trazer danos irreversíveis como a cegueira.

Modelo

O embaixador da Guatemala no Brasil, Carlos Colom, observou que o país tem a metade da população indígena e que a experiência brasileira foi muito proveitosa.

O projeto de merenda escolar do Brasil servirá de modelo para, em 2009, a Guatemala implantar um similar, onde a cultura indígena é respeitada.

O ministro do Desenvolvimento Agrário da Guatemala, Roberto Dalton, comparou as similaridades de problemas, desafios e destacou que o Brasil saiu na frente nas soluções e tem uma experiência positiva.

“Tivemos uma situação em que os indígenas não se adaptaram à merenda e, por não ser adequada, acarretou problemas de saúde”, afirmou Dalton. As mudanças na educação, na história e na cultura foram destacadas pelo secretário da Educação, Adeum Sauer.

Ele disse que a continuidade dessa nova história é importante, já que os índios foram marginalizados pelos brancos por muitos anos como está registrado nos livros escolares. A partir da escola e da educação existe esta possibilidade da valorização da cultura indígena.

A SEC criou a Coordenação de Educação Indígena e, em 2009, começará as aulas do curso de Formação em Educação Indígena, oferecendo 108 vagas, em nível superior. Na Bahia, existem 57 escolas com aproximadamente 6.200 estudantes indígenas.