O sistema de esgotamento sanitário que está sendo implantado em Teixeira de Freitas, no extremo sul da Bahia, já conta com 70% de toda a rede coletora prevista para atender aos bairros Caminho do Mar, Nova América, Irmã Dulce e Castelinho, áreas populares cujos esgotos são lançados, sem nenhum tratamento, em fossas sépticas ou em cursos d’água, poluindo os recursos hídricos locais e representando um risco para a saúde das pessoas.

O investimento, orçado em R$ 9,38 milhões, conta com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para o Saneamento e vai beneficiar 10 mil pessoas em 2010, prazo para a conclusão dos serviços.

Além da rede coletora convencional, o sistema contará com três estações elevatórias (equipamentos de bombeamento), três linhas de recalque, que somam 3.394 metros de tubos, com diâmetros entre 150 e 500 milímetros, para enviar os esgotos até a estação de tratamento, e um emissário, com 1.530 metros, que lançará por gravidade o efluente tratado no Rio Itanhém.

Inicialmente serão implantadas 1,5 mil ligações domiciliares, mas o sistema foi projetado para futuras ampliações.

O pessoal da ação social, realizada em paralelo à obra, aplicou 316 questionários junto a lideranças dos bairros beneficiados com o esgotamento sanitário e está concluindo o diagnóstico socioambiental desta área para a elaboração de um plano de mobilização comunitária, visando a educação ambiental e a sensibilização dos futuros usuários do sistema para a utilização correta dos equipamentos responsáveis pela coleta, tratamento e destinação adequada dos esgotos.

No diagnóstico, dados fornecidos pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente revelam impactos na região de Teixeira de Freitas que afetam a saúde e a qualidade de vida dos moradores da área beneficiada pelos serviços. Entre eles, destruição de matas ciliares, expansão urbana desordenada, problemas de drenagem de águas pluviais e poluição ambiental.

Nesta área, não existem mananciais, apenas um antigo riacho, atualmente conhecido como ‘brejo’, no bairro Castelinho, onde a população descarta o lixo, acumulando a água da drenagem.

O esgoto desta área é lançado em fossas sépticas, que transbordam em tempo chuvoso ou escoam diretamente em ruas de barro batido. Crianças e adultos se divertem em campos improvisados em ruas e terrenos poluídos por lixo, esgoto e água de chuva acumulada.

Depoimentos dos moradores

Em reuniões com lideranças comunitárias, a equipe da ação social recolheu depoimentos, sem a identificação do depoente, que dão uma mostra da consciência ambiental da população.

“Existe uma falta de esgotamento sanitário em nosso bairro, onde, muitas vezes, nós acabamos deixando esgoto a céu aberto, além do monte de lixo acumulado nas ruas, que é causado devido à coleta ser insuficiente, passando apenas duas vezes na semana. Então, no restante dos dias, para não acumular lixo no quintal, colocamos as sacolas na porta”, disse uma pessoa que mora no bairro Nova América.

Outro depoimento vem de um morador do bairro Caminho do Mar: “Não existe uma estrutura no município quando se fala de rede de esgoto. No meu bairro, utilizamos fossa e valas. O esgoto cai a céu aberto, causando mau cheiro. No bairro Nova América, tem rede de drenagem, que era para receber água de chuva, mas agora é ligado o esgoto nela. Por isso o esgoto volta todo. Voltam também muitos ratos e baratas, mas o que mais incomoda é o mau cheiro”.