O Carnaval de Maragogipe, festividade que remonta ao final do século 19, será considerado oficialmente patrimônio imaterial da Bahia, por meio de decreto do governador Jaques Wagner, a ser publicado no Diário Oficial do Estado até a festa, que acontece no mesmo período do Carnaval de Salvador. As pesquisas e estudos foram realizados pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), autarquia da Secretaria de Cultura do Estado (Secult).

Localizada à 133 quilômetros da capital baiana, na região do Recôncavo, a cidade de Maragogipe é sede de uma das mais tradicionais festas carnavalescas da Bahia, que detém uso de máscaras, instrumentos musicais típicos e fantasias diversas, entre outras alegorias.

Com três dias de duração, os festejos têm influências africanas e européias, com a presença de caretas e pierrôs, que desfilam pelas ruas, remetendo ao carnaval europeu do século 19. Costumes e cantos afro-descendentes, herança de escravos, além das bandas de sopro, são outras características dessa manifestação cultural.

Vídeo-documentário

‘De acordo com o diretor geral do Ipac, Frederico Mendonça, desde 2007, equipe formada por historiadores, sociólogos, antropólogos e museólogos, realizam coleta de materiais. “Em parceria com a TV Educativa conseguimos 10 horas de gravação do carnaval do ano passado (2008) e entrevistas com personalidades locais”, diz Mendonça.

A equipe do Ipac coletou ainda dezenas de documentos em papel, oriundos do início do século 20 até os dias de hoje, e 500 fotos antigas e contemporâneas. Músicos, carnavalescos, políticos, historiadores, pesquisadores e artesãos locais que confeccionam as fantasias e máscaras, além de organizadores do concurso de fantasias, foram entrevistados. O produto final foi um vídeo-documentário com 30 minutos de duração. “Todo o material coletado integra o dossiê que embasa a proposta de registro desse bem cultural como patrimônio da Bahia”, comenta o diretor do Ipac.

Tombamentos e registros

Qualquer cidadão pode solicitar ao Ipac, o tombamento de bens móveis ou imóveis da sua cidade, que são, por exemplo, imagens sacras ou obras artísticas e edificações antigas, respectivamente, além do registro dos bens imateriais ou intangíveis, que são as manifestações culturais.

“No caso de Maragogipe, a própria população considera o seu carnaval como o principal patrimônio do município, motivo pelo qual solicitaram o registro à prefeitura que o encaminhou, oficialmente, ao Ipac”, afirma Mendonça.

Para o diretor do instituto, o patrimônio, em suas expressões edificadas ou imateriais, é o que confere identidade a um povo, sendo uma questão de solidariedade entre gerações e de memória coletiva.

No entanto, como explica, “para preservar essa herança é necessário o compromisso de toda a sociedade, já que em nenhum lugar do mundo a salvaguarda dos patrimônios culturais é tarefa de um único agente”.

Ele diz ainda que, além das instâncias federal e estadual, dos cidadãos e da iniciativa privada, um estado como a Bahia – que detém milhares de bens culturais – conta com as 417 prefeituras, que devem ter políticas públicas e legislações próprias para os seus patrimônios. Outras informações sobre o tema são disponibilizadas pelos telefones (71) 3116-6731/6726.