Oferecer uma nova alternativa de renda para os agricultores familiares, com base sustentável. Esta é a meta do programa “Nim, uma alternativa de emprego e renda para a região de Caetité”, lançado em março deste ano pela Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), através da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA). O programa visa incentivar o plantio da espécie Nim (árvore de múltiplas utilidades, da mesma família do cedro, mogno e andiroba), na região de Caetité, e disponibilizar assistência técnica aos beneficiários.

O projeto é direcionado aos agricultores familiares que estiverem organizados em cooperativas ou associações, para atender ao processo de comercialização do produto. Eles contarão também com assistência técnica continuada da EBDA e receberão capacitação e orientações técnicas sobre plantio, condução da cultura, colheita e comercialização.

Dentro das ações do projeto, já foram produzidas e distribuídas, este ano, 70 mil mudas de Nim aos agricultores de Paramirim, no Território da Bacia do Paramirim. A empresa ainda estende a produção e distribuição das mudas a outras regiões, sendo que, no momento, estão sendo disponibilizadas dez mil aos agricultores de Livramento de Nossa Senhora e cinco mil aos de Urandi, ambos os municípios no Território Sertão Produtivo, e três mil mudas para os agricultores familiares de Licínio de Almeida, no Território Vitória da Conquista.

Renda familiar

Para o presidente da EBDA, Emerson Leal, o Nim é uma planta indispensável na agricultura familiar por ser um defensivo natural, e pode ser utilizado nas demais culturas exploradas na propriedade, além de possuir uma madeira nobre que, vendida, contribui na renda familiar. “Este programa vai permitir ao agricultor familiar mais conhecimento sobre a cultura, através de treinamentos e de assistência técnica continuada, e vai criar as condições necessárias para a produção racional de forma que se torne mais uma oportunidade de renda a partir da venda de produtos como a madeira, defensivos e sementes”, comentou o presidente.

Contemplado pelo programa com 150 mudas do Nim, o agricultor familiar Antônio Caldeira, da fazenda Florência, em Paramirim, disse que elas são importantes, e que já começou a plantar a nova cultura. “Espero plantar ainda mais, e com a ajuda da EBDA desenvolver o seu potencial e aproveitar suas diversas utilidades na fazenda”, disse Caldeira.

Segundo os técnicos da EBDA, em Paramirim, os agricultores familiares da região de Caetité desconheciam a árvore. Esse fato levou a empresa a reunir profissionais e agricultores no Sindicato dos Trabalhadores Rurais onde foi apresentado o projeto, explicado o cultivo, os benefícios e as diversas utilidades que a planta oferece. Também foram explicados o manejo agronômico e os usos diversos da árvore, de forma que despertasse o interesse pela cultura.

Construção civil e móveis

O Nim pertencente à família das meliáceas – mesma família do mogno, cinamomo, andiroba e cedro -, apresenta crescimento rápido, alcançando até 15 metros de altura e 2,5 metros de diâmetro, o que o coloca entre as madeiras nobres para a construção civil e de móveis. De clima tropical, o Nim se desenvolve bem em clima com temperaturas acima de 20ºC, e é resistente a longos períodos de seca.

Além de ser utilizada como defensivo natural no controle de diversas pragas agrícolas, o Nim é pode, ainda, ser utilizado em reflorestamentos e em sistemas agroflorestais, inclusive em áreas degradadas. No uso veterinário, as folhas de Nim, misturadas ao alimento do gado, ou em aplicação de extratos foliares ou de sementes, estão sendo indicadas no controle natural de carrapatos, de moscas-do-chifre, e como vermífugo.

As suas flores são muito procuradas pelas abelhas, que desempenham importante papel na polinização da planta, e ainda na produção de mel. Já o fruto, quando maduro, apresenta polpa amarelada e casca branca, e produz um óleo muito procurado pelas indústrias de cosméticos. A produção de frutos ocorre após o segundo ano de campo, chegando cada planta a produzir de 30 a 50 quilos, a partir do quinto ano de plantio.