O gibões e os chapéus de couro, a intimidade com as montarias e as músicas típicas do sertão baiano comprovavam: eram cerca de 250 vaqueiros legítimos que carregavam as bandeiras do Brasil, da Bahia e de Curaçá, cidade às margens do rio São Francisco onde todos os anos, na primeira semana de julho, é celebrada a missa do vaqueiro.

A celebração, que contou com a presença do governador Jaques Wagner neste domingo (5),  faz parte da Festa do Vaqueiro, e tem toda a sua liturgia baseada na vida dos vaqueiros e sertanejos, que assistem à celebração montados em seus cavalos.

Aos 90 anos de idade e seis meses, como faz questão de dizer, Luís Lopes Filho é o vaqueiro mais antigo da região. Ele disse que é uma felicidade estar na festa e ainda com força para trabalhar. “Ser vaqueiro é cuidar do gado, dos cavalos, das éguas, das cabras sempre com muita estima”, ensinou.

Terezinha Ferreira, 57, é a presidente da Associação dos Vaqueiros e Sertanejos do Sertão de Curaçá, disse que os vaqueiros e os sertanejos têm uma grande importância, pois produzem boa parte dos alimentos que são consumidos nas cidades. “Sou filha de vaqueiro, mulher de vaqueiro, sou vaqueira e gosto da profissão”, afirmou. Segundo ela, é importante ver que os vaqueiros se unem na missa, levando suas crianças. “È a garantia de que nossa tradição vai continuar”, refletiu.

Para Wagner, a festa é fundamental, porque há a tradição, a religiosidade, a fé e isto é cultura. “É preciso que esta manifestação, que estas cantigas cheguem aos palcos de Salvador. É muito bonito ver que na sua simplicidade, a gente desta terra mantém viva esta tradição há 56 anos”, comentou.

Wagner disse que no interior da Bahia há várias filarmônicas, fanfarras, festas de vaqueiros e outros eventos. “É preciso trazer a água, as estradas, a educação, mas é preciso também cultivar as nossas tradições”, comentou.

Turismo

O secretário do Turismo, Domingos Leonelli, disse que a festa do vaqueiro é um dos elementos de atração de turistas para a região do São Francisco. “Nós já estamos trabalhando com o Enoturismo, que é para quem aprecia vinhos, estamos apoiando o festival internacional da sanfona e estamos prestigiando esta festa cultural fortíssima que vai acabar se inserindo no calendário turístico desta região”, observou.

O cantor Adelmário Coelho, nascido no distrito de Barro Vermelho, em Curaçá, e que hoje tem destaque nacional com o seu forró, destacou a importância da festa. “Você vê no brilho dos olhos do vaqueiro a felicidade quando ele percebe o reconhecimento desta atividade difícil, cheia de obstáculos, mas feita com muito carinho e com muito amor”, declarou.

Obras

Para Wagner, a melhor forma de se homenagear vaqueiros e demais parcela da população de Curaçá, é levando serviços, obras e algo que possa melhorar a vida de todos.  Após a missa, Wagner entregou uma ambulância, no valor de R$ 55 mil, e quatro sistemas simplificados de abastecimento de água, no valor de R$ 162,7 mil, que vão beneficiar cerca de 185 famílias. Além disso, o governador anunciou a construção de outro sistema de abastecimento de água que vai custar R$ 190 mil e levar água para mais 5,5 mil habitantes.

Como obras mais antigas, o governador lembrou da conclusão do mercado municipal e dos serviços de urbanização e calçamento realizados ao longo de 5,8 mil metros quadrados das avenidas José Amâncio e Leovergildo Martins, em Curaçá.

Wagner falou também sobre o Hospital de Juazeiro, cidade a 100 quilômetros de Curaçá. “Vou dar de presente à região uma obra de mais de R$ 30 milhões que encontrei parada, devendo aproximadamente R$ 6 milhões que nós quitamos e terminamos”, afirmou.

Wagner destacou que, com o hospital, será criada a primeira região interestadual de Saúde, com a participação dos governos da Bahia e de Pernambuco. “Eu tenho certeza de que este hospital vai ser uma referência, tanto lá como aqui, em qualidade de atendimento”.