Construir uma nova infraestrutura logística, reduzir o passivo social do Estado e priorizar os territórios mais pobres do semiarido. Estes são os três eixos de ação que o secretário do Planejamento, Walter Pinheiro, destacou como prioritários na política do Governo do Estado, durante a abertura do V Encontro de Economia Baiana, nesta quinta-feira (17), no Grande Stella Mares Resort, em Salvador. O evento prossegue nesta sexta.

Com a palestra sobre o tema “Panorama das Políticas Públicas e o Desenvolvimento Baiano”, o secretário traçou um histórico da economia baiana, destacando que o passivo acumulado reflete-se em uma base produtiva pouco diversificada e concentrada espacialmente, cadeias produtivas com baixo valor agregado, reduzida oferta de serviços sociais e uma limitada capacidade empreendedora dos agentes de fomento. “Ao longo dos anos não houve projetos que dotassem a Bahia de infraestrutura e logística, e nem de pólos de desenvolvimentos regionais que tornassem o nosso Estado rota de integração do país”, disse Pinheiro.

Em função desse diagnóstico, o secretário apresentou ao público um plano ambicioso que inclui, entre outras obras, a construção da Ferrovia de Integração Bahia Oeste/Leste, que deve gerar mais de 10 mil empregos e facilitará o escoamento de grãos, minério de ferro e seus derivados, biocombustíveis, fertilizantes e derivados do petróleo.

Também será implantado o sistema BA-093, que compreende a Região Metropolitana de Salvador, com reflexos, inclusive, para Recôncavo Sul e Litoral Norte. Juntas, estas regiões representam 56% do PIB do estado. A reestruturação rodoviária do sistema atingirá 125,35 quilômetros de extensão e a implantação do sistema consolidará a integração dos principais pólos industriais do estado – Candeias, Camaçari e Centro Industrial de Aratu (CIA).

Para articular os diversos modais de transporte e que venha, de fato, proporcionar a integração do litoral com o interior do estado, o secretário afirmou que também despontam iniciativas como a construção do novo Porto Sul, do novo aeroporto de Ilhéus a ampliação e modernização do complexo portuário da Baía de Todos-os-Santos, a recuperação da Hidrovia do São Francisco, entre outras intervenções.

Articuladas a esses projetos, a malha rodoviária estadual foi restaurada em mais de 1,7 mil quilômetros e mais 1,4 mil estão em andamento, tendo ainda realizado melhorias de trafegabilidade em cerca de 30 mil quilômetros.

Na opinião de Walter Pinheiro, este conjunto de ações permite descentralizar as atividades econômicas do estado e criar as condições necessárias para novos investimentos. “Quase 30% da arrecadação estadual é pautada no setor de petróleo e petroquímica e, neste período de redução da demanda global, em média de 42%, a alternativa foi acelerar os convênios com o governo federal e com as instituições internacionais”.

Pinheiro destacou ainda que só este ano, os repasses totalizam R$ 592 milhões, sendo R$ 400 milhões oriundos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e R$ 192 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

No tocante ao banco internacional, a operação de crédito destina-se ao Programa de Consolidação do Equilíbrio Fiscal para o Desenvolvimento do Estado da Bahia (Proconfis) e ainda prevê uma segunda parcela de mais R$ 400 milhões a serem repassados em 2010.

Economia pós-crise

Segundo o diretor geral da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia da Seplan, Geraldo Reis, “pela primeira vez a Bahia passa por uma crise que os estratos sociais mais baixos foram os menos prejudicados”. Ele disse a tendência é que o terceiro e quatro trimestres aqueçam ainda mais a economia baiana. “Se a Bahia crescer entre 1% e 1,5% não será surpreendente, pois estará dentro do que é monitorado e avaliado”.

O que reforça o otimismo de Reis é a perspectiva de criação, no Brasil, este ano, de um milhão de novos postos de trabalho. No caso da Bahia, nos oito primeiros meses de 2009 (janeiro a agosto), o estado já criou 43.975 postos de trabalho com carteira assinada, uma variação de 3,28%, acima das médias nacional (2,13%) e nordestina (0,79%), demonstrando, portando, o bom momento da economia.

Outra excelente notícia para a economia baiana, segundo o superintendente, é o financiamento recorde por parte da Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia). No primeiro semestre de 2006 foram R$ 29 milhões. No primeiro semestre de 2007, R$ 37,6 milhões. Em igual período de 2008 chegaram a R$ 68,6 milhões e, neste primeiro semestre de 2009, cresceram para R$ 79,1 milhões. O Desenbahia aprovou R$ 133,1 milhões, em 2008, e a meta é ampliar este número para R$ 145 milhões este ano.

Encontro

Este ano, 1,2 mil pessoas se inscreveram no Encontro de Economia Baiana, organizado pela Desenbahia, a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais (SEI) e o Curso de Mestrado em Economia da Ufba, com patrocínio da Bahiagás, Banco do Nordeste e Sebrae. Serão apresentados 66 trabalhos. Para facilitar o acesso, a organização do evento disponibilizou ônibus – ida e volta – gratuitos, que saem às 8h, da Escola de Economia da Ufba, na Piedade, com retorno às 18h30min.