Dona Josefa Alves de Almeida, 88 anos, descobriu, aos 52, ser portadora de diabetes. Viúva, dois filhos, oito netos e 10 bisnetos, a aposentada é um exemplo de paciente que tem disposição, qualidade de vida e bom humor, mantendo a doença sob controle e evitando possíveis complicações.

Nesta sexta-feira (13), dona Josefa foi um dos mais de 200 portadores do diabetes que participaram, no auditório do Centro de Atenção à Saúde Professor José Maria de Magalhães Netto (CAS), do Encontro com Diabéticos, iniciativa da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), por meio do Centro de Diabetes e Endocrinologia da Bahia (Cedeba), em parceria com a Sociedade Brasileira de Diabetes/Regional Bahia.

Assim como dona Josefa, portadores de diabetes atendidos em instituições públicas e associações de diabetes de Salvador e de alguns municípios da região metropolitana, acompanhados de familiares, participaram do encontro promovido pelo Cedeba, que teve como um dos pontos altos a apresentação da peça teatral “Diabetes, o fantasmão doce”, que trata de questões como sintomas e tratamento do diabetes.

O elenco da peça é formado por profissionais de saúde que trabalham no Núcleo Infanto-juvenil do centro, orientados pela professora Teresinha Nesser, proprietária da Escola Kimimo. Os participantes puderam ainda discutir com profissionais de saúde de diferentes áreas sobre cuidados com a higiene, hábitos e alimentação, exercícios físicos mais adequados, entre outros aspectos relacionados à doença.

Além disso, outras atividades foram realizadas, dirigidas para profissionais das Diretorias Regionais de Saúde (Dires) com a finalidade de ampliar e melhorar os seus conhecimentos para que as recomendações referentes à prevenção e aos cuidados sejam efetivamente colocadas em prática nos serviços de saúde.

Prevenção e a detecção precoce

Durante a instalação do evento, que antecipou as comemorações alusivas ao Dia Mundial do Diabetes (14), o secretário da Saúde, Jorge Solla, defendeu que o diabetes deve ser uma preocupação de toda a sociedade, em função da grande prevalência em todo o mundo. “Nossa população está envelhecendo, e isso amplia o número de pessoas que convivem ou vão conviver com a doença”, disse, acrescentando que a prevenção e a detecção precoce devem ser sempre enfatizadas, e que, “infelizmente, muitos pacientes só descobrem a doença quando já surgiram as complicações”.

A médica endocrinologista Reine Fonseca, diretora do Cedeba, também falou sobre o crescimento da patologia em todo o mundo. A especialista contou ainda que, por recomendação da Federação Internacional do Diabetes, a cor azul foi escolhida para simbolizar a luta contra a doença, e que em várias partes do mundo, monumentos serão iluminados com esta cor. Em Salvador, lâmpadas azuis iluminarão os orixás do Dique do Tororó.

O tema escolhido, este ano, para marcar as atividades do Dia Mundial de Diabetes foi “Diabetes – educação e prevenção”. Para a diretora do Cedeba, a prevenção e a manutenção da doença sob controle, a fim de reduzir os riscos de complicações, é realmente a estratégia mais eficaz. A endocrinologista ressaltou que o objetivo dos eventos alusivos ao Dia Mundial do Diabetes é alertar pacientes, profissionais de saúde e a população em geral para o impacto do diabetes na saúde e difundir, na medida do possível, como evitar ou retardar o aparecimento da doença e suas complicações.

Ela garantiu que a Sesab, por intermédio do Cedeba, tem muito a comemorar. “Há 15 anos o Cedeba luta para melhorar a assistência aos diabéticos. Temos conseguido vencer vários obstáculos, e, agora, a unidade deverá ser reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como centro colaborador”.

Representando a Associação de Diabéticos de Salvador (Adisa), Ana Maria Stolce convocou todos os participantes do encontro para que vistam a camisa da luta contra o diabetes, “não apenas nesse momentos, mas no nosso dia-a-dia. Vamos observar as pessoas que convivem conosco, ver se apresentam algum fator de risco, e orientá-las para que procurem uma unidade de saúde ou uma associação de portadores de diabetes”.

Um exemplo de otimismo

A aposentada Josefa de Almeida recebe acompanhamento no Cedeba, incluindo as medicações necessárias, desde a inauguração da unidade. Ela conta que foi uma das fundadoras da Adisa, e que, frequentemente, está na sede da entidade, no Pelourinho. Lá, tem aula de dança, participa de várias outras atividades de lazer, de cursos e palestras. “A doença não impede que eu tenha uma vida normal. Sigo as recomendações, principalmente com a alimentação, caminho todos os dias, faço exercícios, danço e passeio muito”, garante a aposentada, que disse participar todos os anos das atividades do Dia Mundial do Diabetes.