A manhã desta quarta-feira (2) teve um significado especial para 49 jovens e suas famílias, moradores dos bairros por onde a Via Expressa Baía de Todos-os-Santos vai passar. Reunidos no Centro de Educação Desportiva e Profissionalizante (Cedep), no subúrbio ferroviário de Salvador, eles comemoraram a conclusão do curso profissionalizante na área da construção civil, através do Jovens Baianos, programa da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes).

O benefício foi inserido pela Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) ao projeto da nova via como uma oportunidade de qualificação profissional e ingresso no mercado de trabalho a jovens de baixa renda. Do total, 11 já estão trabalhando como aprendizes com carteiras assinadas.

Há três meses, Elival França Filho, 23 anos, trabalha como pedreiro numa construtora baiana. Para o estudante do 3º ano do ensino médio do Colégio Estadual Leopoldo dos Reis, na Baixa de Quintas, esta é a primeira oportunidade de trabalho com carteira assinada. “Não poderia deixar de aproveitar essa porta que se abriu na minha vida. Estou me dedicando e quero crescer, até alcançar minha meta, que é trabalhar na mesma área em Dubai”, declarou Elival, referindo-se à rica cidade dos Emirados Árabes.

Dona Edleuza dos Anjos é testemunha dos esforços do filho para conseguir uma ocupação estável. Presente à solenidade de formatura, ela não escondia a emoção. “É uma bênção. Meu filho está no caminho certo e tenho muito orgulho dele”, disse.

Mônica Priscila, 23 anos, moradora da Baixa de Quintas, é também uma jovem aprendiz. Há cinco meses ela foi contratada por uma empresa de Salvador graças ao curso profissionalizante que tomou conhecimento através da Via Expressa.  “Quero me aprofundar na área de construção civil e crescer profissionalmente”, afirmou a estudante do Colégio Duque de Caxias, onde está concluindo o ensino médio. Mônica acredita que o setor está dando maior oportunidade para as mulheres, “o que há alguns anos não era tão comum”. Ela concluiu os cursos de hidráulica, elétrica e almoxarifado.

Para participar do projeto, os interessados devem ter idade entre 18 e 24 anos, não possuir vínculo empregatício, ter renda familiar per capita de meio salário mínimo e estar matriculado regularmente na rede pública de ensino.

O curso total tem duração de oito meses, com carga de 20 horas semanais. Cada aluno recebe uma bolsa no valor de R$ 130. Quem consegue a inserção no mercado de trabalho passa a receber meio salário mínimo da empresa que o contratou.

Além disso, deve participar das aulas por cinco meses, finalizando o aprendizado na própria empresa, monitorado por profissionais da organização não-governamental (ONG) Cooperação para o Desenvolvimento e Morada Humana (CDM), responsável pela execução do projeto, em parceria com o governo baiano.

Uma mostra da aprendizagem

Os instrutores são profissionais da própria comunidade que transmitem noções básicas na área de construção civil para que sejam formados futuros ajudantes de pedreiro, pintores, eletricistas, encanadores, carpinteiros e cadistas.

As aulas práticas acontecem num espaço de cinco mil metros quadrados, onde eles também aprendem informática, Matemática, Português e desenho técnico. Cada turma que se forma deixa um legado para a próxima que vai chegar. Este ano, a turma mostrou o que aprendeu durante os oito meses, reformando a Creche Sociedade 1º de Maio, localizada em Nova Alagados.