A fim de dinamizar ações e ampliar a captação de recursos, o projeto Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (Neojibá), agora possui um novo modelo de gestão. Trata-se da publicização, anunciada, nesta quarta-feira (16), pelo secretário de Cultura, Márcio Meireles, em coletiva de imprensa realizada no Teatro Iceia, no Barbalho.

Pelo novo modelo, adotado pela primeira vez na área cultural da Bahia, a administração do projeto foi transferida da Secretaria de Cultura do Estado (Secult) para a gestão da Associação Amigos das Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (Aojim), uma Organização Social (OS) reconhecida pelo poder público, gerida pelo maestro Ricardo Castro, também gestor artístico da Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba).

A principal vantagem deste processo é o ganho de agilidade administrativa frente à rigidez na aplicação de recursos por parte do Estado, que impede o repasse imediato de verba a projetos culturais. “A OS tem uma flexibilidade maior de gestão para contratação de pessoal, realização de compras, licitações e captação de recursos. Com esse projeto estamos abrindo uma nova era para a música de concerto na Bahia”, disse Castro.

O modelo inovador de gestão foi adotado por meio de contrato firmado pela Secult e a Aojin, sob consultoria da Secretaria de Administração do Estado (Saeb). De acordo com o superintende de Gestão Pública da Saeb, Vitor Fonseca, o contrato prevê o repasse de R$ 2,4 milhões em recursos estatais, por dois anos.

Em contrapartida é exigido o cumprimento de metas, com acompanhamento trimestral por parte do Estado. São elas – a criação anual de pelo menos um núcleo de orquestra em outros municípios baianos, a reforma do Teatro Iceia, o ensino e qualificação de professores na área musical e a criação de oficinas de luthieria para construção e reparo de instrumentos.

Para Meireles, este é o modo mais adequado para permitir a ampliação do Neojibá. “É um modelo que tem sido experimentado com sucesso pelo governo em outras áreas e que tem dado certo em outros estados para a gestão de orquestras, museus e outras instituições e programas culturais que demandam agilidade administrativa”.

Requalificação do Teatro Iceia

Com a assinatura do contrato de gestão, a Aojin será responsável pela ampliação das atividades do projeto, além da manutenção do Teatro Iceia que, em 2009, completou 70 anos. Em 2010 será iniciada a primeira fase de requalificação do edifício, adaptando o espaço para o funcionamento básico do Neojibá, com salas de ensaios equipadas, salas de aulas e escritórios.

O arquiteto responsável pela reforma, Carl Von Hauenschild, explica que são obras iniciais para adequação acústica e espacial. “Um investimento provisório de R$ 333 mil, já garantidos pelo Estado, para que as orquestras comecem a ocupar o teatro”, afirmou Hauenschild, ressaltando que a arquitetura original será preservada. A segunda fase da requalificação prevê a recuperação da sala de espetáculos, adaptando-a aos padrões de salas de concerto reconhecidas mundialmente.

Sobre o Neojibá

O maior programa do Estado na área da música de concerto, o Neojibá registra, desde sua criação, há dois anos, 55 apresentações públicas para mais de 35 mil pessoas. As duas orquestras que formam o projeto – a Juvenil 2 de Julho e a Castro Alves – já passaram por oito estados brasileiros e cidades do interior, incluindo uma turnê pelo Nordeste.

O programa foi inspirado no “El Sistema”, da Venezuela, e na Fundacion del Estado para El Sistema Nacional de Orquestas Juveniles e Infantiles de Venezuela (Fesnojiv), que há mais de 35 anos vem ensinando a prática orquestral para mais de 350 mil jovens, contando com 180 núcleos em todo o país. O Neojibá é hoje um dos principais exemplos, no Brasil, de integração regional com países da América do Sul na área da cultura.