A qualidade de vida, a produção agrícola e a renda familiar de cerca de 1.500 famílias do semiárido baiano serão melhoradas com a implantação de tecnologias de armazenamento e captação de água e técnicas de irrigação sustentáveis. Com investimento de R$ 8,2 milhões, o governo da Bahia, através do Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá), assinou convênio com nove organizações da sociedade civil vinculadas à Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) para desenvolver as ações do projeto Aguadas.

Até novembro deste ano, serão implantados em 70 municípios de 16 territórios de identidade 620 barreiros-trincheira, 322 limpezas de aguadas, 130 cisternas de enxurradas e 33 bombas d’água populares para dessedentação de animais. Entre outros benefícios, esses mecanismos vão garantir o aproveitamento máximo das águas de chuva que caem no semiárido.

Com verba do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Funcep), o projeto Aguadas é executado pelo Ingá e tem apoio técnico da Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), via Superintendência de Apoio à Agricultura Familiar (Suaf). As nove organizações que foram selecionadas em chamada pública possuem experiência de pelo menos dez anos em tecnologias de convivência com o semiárido brasileiro.

A iniciativa terá caráter participativo e todos os segmentos envolvidos nas ações terão voz ativa na implantação dos projetos. Além do governo estadual e das famílias, participam das tomadas de decisão do Aguadas as comissões municipais, formadas por organizações das prefeituras locais, e as comissões comunitárias.

Benefícios

“As obras do projeto são de baixo custo, de tecnologia simples, fácil de ser aproveitadas pelos beneficiários e não apresentam impactos ambientais. A metodologia utilizada na execução do Aguadas assegura a participação ativa das famílias em todo o processo, o que possibilitará que elas conheçam melhor as características e potencialidades da região onde vivem e comecem a enxergá-la com outros olhos”, explicou o coordenador de Projetos do Ingá, Roque Aparecido.

O semiárido baiano apresenta uma média pluviométrica anual de 750 milímetros e em determinadas regiões é inferior a 400 milímetros. Segundo estudos hidrológicos, essas chuvas são suficientes para suprir as demandas hídricas das populações, mas a falta de aproveitamento dessa água é causadora da escassez hídrica na região.

“Mais do que combater a seca, deve-se conviver com o clima, aproveitando a época das chuvas para armazenar água e poder aproveitar com tranquilidade o período de estiagem. Também é fundamental capacitar a população local para uma relação de convivência harmoniosa e sustentável com o clima da região”, disse o diretor-geral do Ingá, Julio Rocha.