A crise financeira internacional fez com que as exportações baianas caíssem 19,4% em 2009, valor, entretanto, inferior ao registrada pelo país, que chegou a 22,7%. No ano, as exportações alcançaram US$ 7 bilhões, contra US$ 8,7 bi em 2008. As importações também registraram queda em 2009, passando de US$ 6,3 bi em 2008 para US$ 4,6 bilhões. Os dados foram divulgados na sexta-feira (15) pelo Centro Internacional de Negócios (PromoBahia), vinculado à Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração.

De acordo com informações do PromoBahia, a menor demanda de tradicionais parceiros comerciais do estado atingiu em cheio as vendas de produtos manufaturados baianos, 27% inferiores às de 2008, enquanto os embarques de produtos primários, beneficiados pela retomada do consumo chinês, cresceram 10,1% no ano.

O presidente do PromoBahia, Jacques Santiago, explica que, mesmo com a redução em 2009, as exportações baianas ampliaram a sua participação em relação ao Nordeste, passando de 56,3% em 2008 para 60,4% do total vendido para o exterior pela região em 2009, mantendo-se na liderança absoluta. Já em relação ao Brasil, o estado manteve a oitava posição, aumentando, contudo, a sua participação de 4,4% para 4,6% do total exportado pelo país.

“Mesmo com quedas similares nos dois sentidos do intercâmbio de mercadorias, a balança comercial da Bahia encerrou 2009 com um superávit 0,5% superior ao do ano anterior, de US$ 2,4 bilhões, resultado da queda maior das importações que o das exportações”, informa Santiago.

Recuperação

Segundo Sanriago, diante do crescimento nas vendas, sobretudo no último trimestre, em 51,6% frente ao último trimestre de 2008, já está em curso uma recuperação, demonstrada pelos indicadores de aumento da produção industrial do estado e do próprio volume de vendas do mês de dezembro, que cresceu 14,5% frente a novembro. “Estamos otimistas”.

Os setores mais afetados pela crise foram as indústrias metalúrgica (-46%), de material elétrico (-49,4%), de petróleo, (-42,8%), móveis (-70,8%) e automotivo (-36,3%). Como resultado do crescimento da demanda chinesa, houve aumento nas vendas de produtos agrícolas em 9,8%, com destaque para a soja (29%) e o algodão (27,1%). Também houve incremento nas vendas de ouro em barras em 25,7%.

Queda nas exportações baianas é resultado da crise em outros países

Dados do PromoBahia revelam que os países mais afetados pela turbulência reduziram sensivelmente as compras de produtos baianos. As vendas para os Estados Unidos caíram 38% e para a União Europeia, 41%. Diminuíram também as vendas para o Mercosul em 31%.

“Só houve crescimento nos negócios com os demais países da América Latina, em 11,5%, e com a Ásia, em 40%, puxado pelo aumento de 82% nas exportações para a China, cujo PIB deve ter crescido 8% em 2009 e perto de 9% neste ano”, informa o gerente de inteligência comercial do PromoBahia, Arthur Souza Cruz. Com esse ritmo, a China impediu uma queda ainda maior nas vendas externas do estado comprando em grande volume, principalmente cobre, celulose, soja, petroquímicos e algodão. A China tornou-se o maior mercado comprador da Bahia em 2009, ultrapassando os Estados Unidos.

A retração do comércio mundial e da economia brasileira também derrubou em 26,9% as importações, que fecharam o ano em US$ 4,6 bilhões. Apesar desta redução ser superior à das exportações, o ritmo de queda das importações tem diminuído, e a tendência é que o real valorizado e o próprio crescimento da economia estimulem o aumento das compras neste ano.

Para Arthur Souza Cruz, a recuperação das vendas externas em 2010, estimada em 10%, vai depender da retomada do crescimento econômico global e do nível de competitividade do Brasil, seriamente prejudicado pelo câmbio. “A expectativa, porém, é positiva, já com a alta verificada nos preços das commodities, o que, em parte, compensa a valorização do real, complementada pela recuperação parcial das economias centrais e leve elevação nas exportações de manufaturados, já em curso durante o último trimestre de 2009”, finaliza o gerente do PromoBahia.