Alunos de escolas públicas, pescadores e marisqueiras do distrito de Acupe, município de Santo Amaro, a 71 quilômetros de Salvador, na região do Recôncavo, entraram nos manguezais para ajudar os técnicos da Bahia Pesca a colocar nas águas mais de um  milhão de filhotes de caranguejo (megalopas) para repovoamento da fauna. 

Por meio da empresa, a Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), realizou,na sexta-feira (12), o primeiro repovoamento de manguezais em 2010 – o quarto em todo o estado desde que o programa foi implantado, em 2008, e o segundo em Acupe. 

Os filhotes de caranguejos foram levados da Fazenda Oruabo, mantida pela Bahia Pesca. Nos próximos dois meses outros dois repovoamentos estão programados para a região do Recôncavo, em local ainda a ser definido. A Fazenda Oruabo é o local onde todo o trabalho de pesquisa, criação e reprodução das larvas de caranguejo, até a sua fase megalope, é feito. Antes de serem colocadas nos manguezais, as fêmeas, com ovos e as larvas do caranguejo, são preservadas em tanques especiais, com a assistência de biólogos, para assegurar a reprodução e o repovoamento da espécie, até a liberação em ambiente natural.
 
Conforme explicou o diretor-técnico da Bahia Pesca, Marcos Rocha, o repovoamento de caranguejo se insere em um conjunto de medidas socioeducativas nas comunidades ribeirinhas, quer sejam nas regiões de manguezais ou rios e lagos. “O repovoamento busca recompor o equilíbrio ambiental destruído pela ação predatória do homem. Por isso é importante a participação das comunidades em ações dessa natureza”. 

Incentivo
Ao lado das queixas contra a poluição existente nos manguezais da região, resultado da própria ação do homem, pescadores e marisqueiras de Acupe incentivaram o trabalho da Bahia Pesca, por entender que o repovoamento de caranguejos é uma garantia futura de manutenção da atividade de captura do animal, que emprega hoje mais de três mil famílias na região. 

Um dos diretores da Cooperativa de Pescadores e Marisqueiras de Acupe, Arisvaldo Batista, explicou que é preciso incentivo por parte do Poder Público para estimular a preservação da fauna dos manguezais. Atualmente, a produção de caranguejo representa um pouco mais que 50% do que era produzido há três anos. “A nossa esperança é que ações como essas sejam seguidas de outras que auxiliem o pescador e as marisqueiras, pois é daqui (manguezal) que eles tiram o seu sustento”. 

A representante da Colônia Z-27, de Acupe, Vera Lúcia Bispo, diz que, no último censo realizado na região, foram cadastradas 1.005 marisqueiras e 1.958 pescadores. Para ela, a maior dificuldade enfrentada é a proibição de se capturar os animais na fase de desova, quando os catadores ficam sem qualquer outro tipo de renda. “O nosso trabalho é de conscientizar para a preservação dos manguezais, mas precisamos de outros tipos de ajuda nesse sentido”.