Mais de 360 agricultores familiares dos municípios de Itaetê, Iramaia, Iaçu e Boa Vista do Tupim vão ser beneficiados com o Programa de Expansão para a Cultura do Abacaxi na região de Itaberaba, Chapada Diamantina. O lançamento aconteceu na quarta-feira (24) pelo Governo do Estado, através da Secretaria da Agricultura (Seagri), em Itaetê, que fica a 381 quilômetros de Salvador.

Serão distribuídos 5,4 milhões de mudas melhoradas geneticamente para plantio de variedades mais resistentes de abacaxi, 360 pulverizadores, além das 1.080 horas de trator para preparo da área de plantio e capacitação dos produtores pela Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA). Todas as mudas serão fiscalizadas e certificadas pela Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab). O investimento total é de aproximadamente R$ 751 mil.

Segundo o secretário estadual da Agricultura, Roberto Muniz, o programa é muito importante para promover o desenvolvimento sustentável da região. “Percebemos a força do abacaxi aqui em Itaberaba e nos municípios circunvizinhos. São quatro mil hectares de área cultivada, gerando emprego e renda para os agricultores familiares, que também terão a oportunidade de conhecer e aplicar as novas tecnologias em suas plantações”, afirmou durante o lançamento do programa.

Os agricultores receberão assistência técnica e extensão rural, orientações sobre sistema de plantio, identificação das pragas e doenças, via realização de seminários e dias de campo, e técnicas sobre comercialização. Grupos de produtores e assentamentos poderão trocar experiências em reuniões, e avaliações periódicas também serão realizadas entre os produtores e os parceiros, como associações e técnicos da EBDA e da Adab. No final, um relatório individual da situação do plantio de cada agricultor será produzido e avaliado.

O projeto foi iniciado em Itaetê, com o cadastramento dos 175 produtores rurais pela EBDA. Cada agricultor receberá 15 mil mudas de abacaxi para área de plantio de uma tarefa (4.380 metros quadrados), um pulverizador costal e três horas de trator para preparo desta área.

Somente em Itaetê, serão gerados cerca de 500 empregos diretos e 2,5 mil indiretos. “Aqui em Itaetê, o barro é santo e a terra é boa. A muda sendo de qualidade, nós vamos colher abacaxi de verdade”, disse Adelino de Souza Carvalho, que vai retomar a plantação de abacaxi em sua propriedade de oito hectares após dez anos produzindo outras culturas.

Para o militante e coordenador do Assentamento 29 de Novembro do MST, Francisco Gomes, a iniciativa vai incrementar a produção dos 600 assentados, que já plantam mamona, palma, feijão, milho e mandioca. “A proposta é excelente e vamos precisar de orientação. A assistência técnica será fundamental”, disse.

Elza Souza da Silva, do assentamento do MST em Santa Clara, no município de Andaraí, ressaltou que o recebimento das mudas vai melhorar a renda familiar. O evento contou com a participação de prefeitos da região e representantes das entidades de classe, EBDA e Adab.

Abacaxicultura

O estado da Bahia é o maior produtor de frutas frescas do país e ocupa o quarto lugar na produção nacional do abacaxi, sendo o primeiro o estado do Pará, e em seguida a Paraíba e Minas Gerais. Com quatro mil hectares de área cultivada por aproximadamente dois mil produtores, são gerados cerca de seis mil empregos diretos e indiretos durante a colheita, promovendo à região de Itaberaba uma receita de R$ 48 milhões por ano e 60 milhões de frutos.

A cultura do abacaxi é uma alternativa para geração de emprego e renda aos produtores, pois a mão-de-obra utilizada é familiar e dos desempregados da periferia da cidade. Além disso, um grupo gestor do abacaxi composto pela EBDA, Cooperativa de Comercialização de Frutos no Estado da Bahia (Coopaita), Embrapa, Sebrae, Adab, prefeituras, Banco do Brasil, Banco do Nordeste e associações supervisiona e orienta a atividade dos produtores, acompanha o desenvolvimento da produção e busca soluções para as dificuldades.