Mais 650 crianças e adolescentes do bairro Tancredo Neves e adjacências concluíram a participação no Programa de Educação e Resistência às Drogas (Proerd), promovido pela 23ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM). A intenção é orientar os estudantes sobre os perigos do consumo de drogas e da prática de violência e, consequentemente, evitar o contato deles com as decorrentes formas de criminalidade. A formatura foi realizada, nesta terça-feira (14), no Teatro da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), no Cabula.

O formato do Proerd é de origem norte-americana e foi aplicado no Brasil pela Polícia Militar do Rio de Janeiro no início da década de 90. A medida é considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma das mais eficientes no envolvimento dos jovens ao combate e prevenção às drogas.

A capitã PM Maria Oliveira é uma das voluntárias envolvidas no Proerd/Tancredo Neves. Responsável pela coordenação do programa no bairro, a militar informou que, “em Tancredo Neves, os trabalhos começaram no mês de abril. Os policiais foram às escolas, tiveram um contato pessoal com os alunos, acompanhado de uma cartilha didática explicando o uso de drogas ilegais e legais como o cigarro e a maconha. Tem que ser voluntário e os policiais que se interessam passam por um curso de capacitação”.

A coordenadora do Território da Paz na área da 23ª Cia Independente da PM, Fabiana Moraes de Jesus, explicou a relação entre os dois programas. “O Proerd é um braço do Território da Paz, que é um programa federal. Não abrange apenas ações de segurança pública. São ações governamentais nas áreas de saúde, infraestrutura, educação e, a partir daí, também trabalha com segurança pública”.

Segundo Fabiana, órgãos estaduais como as secretarias de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado (SJCDH), a da Educação (SEC) e da Segurança Pública (SSP), e a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Bahia também estão envolvidos no programa. “Na área de Tancredo Neves e Arenoso já existem projetos para urbanização e ações na área educativa, vinculados ao Proerd”.

Todos os alunos que participam do Proerd são matriculados em escolas públicas da rede municipal e estadual e estudam no 5º e 7º ano do ensino fundamental. Nathalia Carine Cavalcante de Melo, 15 anos, demonstrou que absorveu bem a lição. “Aprendi que substâncias químicas das drogas prejudicam a relação com a família. A pessoa vira um dependente químico. Droga, o nome já diz tudo”.

Solenidade

A formatura dos jovens foi realizada com a participação de diferentes entidades que promovem a inclusão social por meio da arte, entre elas, a Escola de Educação Percussiva Integral (EEPI), ONG localizada no Cabula, que ensina dança e música, com temas relacionados à cultura local.

O coordenador pedagógico da escola, Claudiston Nunes, anunciou a realização de novos projetos com a parceria da CIPM. “Somos parceiros da 23ª Companhia de PM. Devemos realizar novos projetos de inclusão social com jovens que vivem em vulnerabilidade social. Este é o nosso foco”.

Familiares prestigiaram a formatura que, em função do grande número, foi dividida em duas etapas. O primeiro grupo, com 300 estudantes, participou do encerramento pela manhã e os demais, à tarde. Para avaliar o aproveitamento, os alunos elaboram textos baseados nas informações repassadas. Três redações foram premiadas. O primeiro lugar ganhou uma bicicleta e os demais, kits pedagógicos.

Com carga horária de 10 horas-aula, os conteúdos são repassados aos alunos no ambiente escolar uma vez por semana. Os estudantes não precisam se deslocar para outros espaços para receber as informações do Proerd. Antes de se reunir com os jovens, os militares voluntários se reúnem com os representantes da Direc (Diretoria Regional de Educação) e com os pais e apresentam a proposta do programa.

Dona Ana Galdino Santana e o esposo José Raimundo Casaes prestigiaram a formatura do filho, Mateus Galdino Casaes, 14 anos. Para ela, a participação do filho é motivo de orgulho. “É algo de bom que está entrando na cabeça dele. Fui à escola e chorei quando a professora me mostrou a nota dele e disse que meu filho está de parabéns”.

Policiais atuam voluntariamente

Em toda a Bahia, são 216 policiais militares envolvidos voluntariamente. Uma pedagoga acompanha os trabalhos. Desde 2003, aproximadamente 180 mil alunos foram formados pelo programa no estado. Somente no primeiro semestre, em Salvador, o programa envolveu estudantes dos bairros Pernambués, Uruguai e Ribeira. Atualmente, a iniciativa está sendo executada em 16 bairros da capital baiana, além de municípios da região metropolitana como Simões Filho, Candeias e Camaçari.

O coordenador estadual do Proerd, capitão PM Elsiman Leão, afirmou que resultados práticos já foram alcançados. “Tivemos 26 mil alunos no primeiro semestre. Para o segundo semestre deverão ser 30 mil. Já temos resultados concretos baseados em pesquisas em especialização em segurança pública indicando que mais de 70% de crianças que participaram do programa não fizeram uso de entorpecentes ou deixaram de usar droga. As crianças que se formam se tornam multiplicadoras do conhecimento”.

Publicada às 16h10
Atualizada às 20h05