Quarenta e cinco jovens que cumprem medidas de internação na Fundação da Criança e do Adolescente (Fundac), no bairro de Tancredo Neves, começaram a escrever um novo capítulo em suas vidas. Os futuros confeiteiros, pedreiros, mecânicos de refrigeração e pintores em textura vão poder comprovar suas novas habilidades e competências no mercado de trabalho. Nesta quarta-feira (15), eles receberam o certificado de conclusão dos cursos realizados de abril a junho deste ano, com carga horária de 200 horas/aulas.

As oficinas realizadas com o apoio da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes), integram uma ação de qualificação, que atende, desde o ano passado, a mais de 10 mil trabalhadores em 213 municípios baianos. A iniciativa envolve as cadeias produtivas da agricultura familiar e economia solidária, comércio e serviços, construção civil, empreendedor individual, construção naval, portuário e mineração, petróleo e gás, e turismo.

“A parceria visa à inserção desses jovens, que foram submetidos a medidas socioeducativas, no mercado de trabalho. São promovidos cursos em funções autônomas e também que podem ser inseridos no mercado formal”, explica a coordenadora de Qualificação Profissional da Setre, Jessevanda Galvino, esclarecendo que a iniciativa integra o Plano Territorial de Qualificação (Planteq).

Segundo a coordenadora, os jovens foram cadastrados no SineBahia e tiveram aula de orientação profissional, que abordou como se comportar em entrevistas e confeccionar o currículo. Os adolescentes, com idade entre 12 e 20 anos, tiveram ainda noções de direitos humanos, meio ambiente e cidadania.

De acordo com a coordenadora de educação da Casa de Acolhimento Sócio-Educativa (Case), Sônia Neves, que mantém quase 260 adolescentes, o objetivo das oficinas é promover o acesso ao mercado de trabalho, à escolarização para que se tornem cidadãos ativos e não reincidam no ato infracional. “Pela situação jurídica, eles chegam na fundação com pouca perspectiva e autoestima baixa e sem acreditar que vão superar as dificuldades. O nosso trabalho, como coordenadores de educação, é mudar esse quadro, fazer esse jovem compreender que é uma pessoa cheia de possibilidades”.

Necessidades 
Os cursos oferecidos tomaram por base o histórico de vida de cada um para atender às necessidades futuras. A carga teórica foi cumprida no início e as questões práticas trabalhadas no final. A expectativa dos jovens é que a sociedade esteja aberta para recebê-los tão logo sejam liberados do internato. Eles consideram a escolarização e a profissionalização imprescindíveis para que possam retornar à sociedade com novas oportunidades de trabalho.

Há três anos na casa de acolhimento, UL, 19 anos, sonha em voltar à Cachoeira e colocar em prática tudo que aprendeu. “Sei fazer salgados, doces, pizzas e pães. Quando sair, quero começar uma nova vida. Basta mostrar disposição no trabalho e serviço”. A coordenadora profissionalizante das oficinas, Jovelita Gravatá, afirmou que 70% dos adolescentes tiveram um bom rendimento. “Eles assimilaram bem os conteúdos e o aprendizado foi eficaz”.