Empenho, dedicação e responsabilidade foram palavras que nortearam, nesta quinta-feira (7), a reunião de avaliação do Programa Estadual de Citros, após a implantação do plano de contingência para evitar o ingresso da Mosca-negra no parque citrícola baiano. O encontro contou com a presença de mais de 50 pessoas entre agrônomos, técnicos e fiscais agropecuários da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) que trabalham em campo. A citricultura baiana ocupa atualmente a segunda colocação no ranking nacional, com produção de um milhão de toneladas/ano e possui a Certificação de Área Livre de Pragas dos Citros pelo Ministério da Agricultura (Mapa).

Para assegurar esse status, a Adab intensificará a fiscalização do trânsito de vegetais nas divisas ao norte do estado, especialmente nas rodovias federais BR- 101 (Rio Real), BR-110 (Paulo Afonso) e BR-116 (Juazeiro). “A citricultura na Bahia é um dos patrimônios mais representativos do estado. Uma vez que a Mosca- negra esteja instalada o impacto social causado é enorme porque 70% dos nossos produtores são da agricultura familiar”, explicou o diretor geral da Adab, Cássio Peixoto, ressaltando que a praga está presente no país, causando prejuízos de 50 a 90%.

A doença é facilmente disseminada por mais de 300 hospedeiros, dentre eles, espécies frutíferas como abacate, banana, manga uva e caju e espécies ornamentais como helicônias, roseiras e crisântemos. “Todas as medidas adotadas no plano têm como premissa manter a sustentabilidade do agronegócio baiano, viabilizando aos produtores as condições necessárias para trabalhar em conjunto com a Agência e evitar a entrada da praga em solo baiano”, afirmou o diretor de Defesa Vegetal da Adab, Armando Sá.

“Para evitar a dispersão da Mosca-negra nos pomares baianos, a Adab intensificará todas as ações já estabelecidas no plano de contingência, compartilhando informações com os parceiros e socializando soluções”, destacou a coordenadora do Programa de Citros, Suely Brito. Nos estados do Nordeste existem registros de ocorrência da praga na Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará.

Controle 
A Bahia, apesar de ter a praga, mantém um controle rígido, evitando a dispersão para os pomares comerciais. Para isso, medidas simples podem ser realizadas em conjunto com associações, sindicatos e setor produtivo – evitar o transporte de vegetais contaminados (ou parte destes) para locais livres da praga, produzir ou transportar mudas de plantas susceptíveis à Mosca-negra em ambiente telado, lavar para manter descontaminados os tratores, implementos e material de colheita e podar plantas cultivadas nos fundos de quintais.

“Mas nenhum desses instrumentos funciona sem mobilização, dedicação e empenho. Temos um plano forte, consistente, respaldado em aspectos técnicos e científicos”, enfatizou Cássio Peixoto, citando a participação ativa da Embrapa e da Biofábrica Moscamed Brasil na elaboração deste Plano de Contingência e de outros planos exitosos de controle e erradicação de pragas, elaborados pela Agência como o da soja, algodão e mamão, que serviram de referência para outras agências de defesa no Brasil.

A Adab também pretende promover ainda inspeções fitossanitárias nos viveiros localizados em áreas de risco e o armadilhamento para detecção da praga em pontos críticos como aeroportos, centros de abastecimento (ceasas), terminais rodoviários e postos de fronteiras. “Qualquer suspeita de ocorrência da Mosca-negra-dos-citros, deve ser comunicada à Adab para que o pomar seja inspecionado e as medidas de erradicação do foco aplicadas”, disse o diretor de Defesa Vegetal.